No último dia 30 de setembro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, revelou durante uma coletiva de imprensa que as autoridades estão investigando a possível conexão de uma organização criminosa nos recentes casos de intoxicação por metanol, uma substância altamente venenosa, relacionada ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
Ação do governo federal e inquérito da Polícia Federal
A coletiva, que também contou com a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, teve como foco o plano de ação que o governo federal está implementando para lidar com a gravidade da situação. Na ocasião, Lewandowski anunciou que a Polícia Federal (PF) abrirá um inquérito para apurar a origem das bebidas adulteradas e a rede de distribuição que atua nesse tipo de crime. A investigação foi oficialmente iniciada no dia anterior, 29 de setembro.
Os dados mais recentes, fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, confirmam três mortes no estado ocasionadas pela ingestão de bebidas que continham metanol. As vítimas são:
- Um homem de 45 anos, residente em São Bernardo do Campo;
- Um homem de 48 anos, morador de Itu, que faleceu em São Bernardo do Campo;
- Um homem de 54 anos, morador da capital paulista.
Casos suspeitos e a resposta do sistema de saúde
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também está atenta ao aumento de casos suspeitos. Até agora, foram identificados outros 13 casos, dos quais cinco estão em investigação, cinco receberam alta e três pacientes continuam internados. O Centro de Vigilância Sanitária Estadual (CVS) confirmou seis casos e está investigando mais dez ocorrências no estado.
A diferença em relação a outros episódios de intoxicação por metanol é que, desta vez, os casos foram registrados em “cenas sociais de consumo alcoólico”, segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad). O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) havia reportado, anteriormente, intoxicações em moradores de rua que usavam metanol como combustível, mas os atuais casos são de bebidas adulteradas.
Investigação em andamento e recomendações de segurança
As investigações estão em andamento em duas delegacias da Polícia Civil. O 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo está focado na morte ocorrida na cidade, enquanto o 48º Distrito Policial, na Cidade Dutra, zona sul da capital, instaurou inquérito para um caso suspeito que, felizmente, não resultou em morte.
Em resposta aos eventos recentes, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), um órgão ligado ao Ministério da Justiça, lançou uma nota técnica com recomendações urgentes para os estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas em São Paulo. Essas orientações são cruciais não apenas para impedir a venda de produtos adulterados, mas também para educar os consumidores sobre os sinais de alerta que indicam possíveis adulterações nas bebidas.
Orientações para estabelecimentos e consumidores
As recomendações destacam a necessidade de:
- Aquisição exclusiva de bebidas alcoólicas de fornecedores formais, que possuam CNPJ ativo;
- Realização de compras acompanhadas de nota fiscal e conferência da chave de segurança nos canais da Receita Federal;
- Não aceitar garrafas com lacres ou rolhas violadas, rótulos desalinhados ou de baixa qualidade, falta de identificação do fabricante e importador, ou ausência de dados dos lotes;
- Implementação de medidas robustas de rastreabilidade, com checagens duplicadas.
Além disso, os estabelecimentos devem estar alertas para práticas de preços excessivamente baixos, odores incomuns na bebida, e relatos de sintomas prejudiciais à saúde, como visão turva, dor de cabeça intensa, náusea e tontura, que podem ser sinais de que a bebida foi adulterada.
Essas medidas pretendem proteger tanto os consumidores quanto os comerciantes, prevenindo novos casos de intoxicação e promovendo maior segurança na venda de produtos alcoólicos.
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