No dia 24 de setembro, o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, fez uma poderosa reflexão durante a cerimônia de premiação do “Prêmio Templeton” em Nova York, intitulado “Onde o céu encontra a terra”. Em um momento de profunda reflexão, Bartolomeu convocou a humanidade a despertar para a necessidade de uma transformação social e ambiental urgente.
A escolha da nossa geração
Em sua meditação, Bartolomeu levantou a questão se seremos lembrados como a geração da irresponsabilidade, responsável pela autodestruição, ou como a geração que optou pela sabedoria e pelo bem comum. Ele enfatizou que estamos em uma encruzilhada, onde a decisão que tomarmos irá ecoar por gerações futuras. Para o patriarca, a transformação necessária não é meramente técnica, mas exige um despertar da consciência coletiva e um compromisso com a verdade e a justiça.
Uma sinergia entre ciência e religião
Bartolomeu argumentou que o futuro do planeta depende da capacidade de unir ciência e religião. “O que nos falta não é conhecimento ou tecnologia, mas vontade coletiva. Precisamos escolher verdades difíceis em vez de mentiras convenientes”, alertou. Ele mencionou diversas ferramentas e inovações disponíveis, como energias renováveis e práticas sustentáveis, mas reforçou que estas apenas serão efetivas se acompanhadas de um comprometimento ético e moral.
Disciplina e libertação
O patriarca introduziu três conceitos da tradição ortodoxa que, segundo ele, podem guiar essa mudança: nepsis (vigilância), áskesis (autodisciplina) e métron (medida certa). Para Bartolomeu, cada um desses termos representa uma chave para romper com ciclos destrutivos de consumo e produção. Ele ressaltou que a vigilância nos permite enxergar os desastres ecológicos como sintomas de problemas sistêmicos, enquanto a autodisciplina nos liberta das armadilhas da ganância. A medida certa é o convite à escolha consciente entre o necessário e o excessivo.
Uma teologia da interconexão
Em sua meditação, o patriarca destacou que a dor pela destruição ambiental também é uma expressão espiritual. Para ele, Deus se entristece com as perdas do mundo natural e humano, e isso nos conecta a todos, sejam cientistas ou religiosos. Ele reforçou a urgência de uma “teologia da interconexão”, que busque unir todas as pessoas, independentemente de suas crenças, em um esforço comum por justiça ambiental e social.
A interconexão das crises
Bartolomeu enfatizou que as crises que enfrentamos — ambientais e sociais — estão todas interligadas. Não podemos tratar a saúde do planeta sem considerar a igualdade social e o bem-estar das populações. Para ele, a justiça ambiental não é uma questão separada da justiça social, mas sim diferentes dimensões do mesmo problema. Essa percepção é vital para a construção de um futuro sustentável e justo.
Conclusão: o céu e a terra
Em suma, Bartolomeu pediu um esforço conjunto para enfrentar as crises que ameaçam nosso mundo. Ele conclamou a sociedade a se unir, transcendendo divisões e diferenças, para trabalhar em prol do bem comum e da proteção do nosso planeta. A esperança, segundo ele, reside na nossa capacidade de transformação, transcendendo as fronteiras entre ciência e fé. Somente juntos, podemos realmente responder às dificuldades do nosso tempo e encontrar soluções viáveis. Assim, efetivamente, é onde o céu encontra a terra.
Este apelo do patriarca ecumênico nos convida à reflexão sobre nossas responsabilidades enquanto cidadãos do mundo. As mudanças que buscamos precisam vir não apenas de soluções tecnológicas, mas de uma profunda mudança de mentalidade e de comportamentos. O chamado está lançado: é hora de agir.
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