A canção nacional dos Estados Unidos declara que a nação é “a terra dos livres e o lar dos corajosos”. Em contraste, o hino chinês não promete liberdade, mas chama o povo a se levantar contra a escravidão, descrevendo-o como uma coletividade: “somos milhões com um só coração”. Essa diferença cultural levanta questões sobre as ideias de individualidade e conformidade em ambos os países, especialmente à luz do projeto 2025 implementado por Donald Trump.
Individualismo americano em xeque
Os americanos são frequentemente retratados como indivíduos fortes e independentes, que priorizam sua liberdade pessoal acima de tudo. É esse individualismo que justifica a apaixonada defesa do direito ao porte de armas, sustentada pela interpretação da Segunda Emenda da Constituição dos EUA. No entanto, apesar dessa autoimagem, um novo fenômeno tem desafiado essa noção de liberdade.
Submissão à nova ordem
Nos últimos meses, desde o retorno de Trump ao poder, o projeto 2025 foi imposto nos Estados Unidos com uma eficácia que surpreende, especialmente considerando a reputação norte-americana de diversidade e resistência. Acusados de falta de organização, os cidadãos chineses são vistos como um povo que se conforme às ordens de seu líder, enquanto os americanos costumam ser considerados difíceis de governar. No entanto, as mudanças que ocorrem agora nos EUA indicam uma dinâmica oposta.
A transformação sob Trump
A relação entre as instituições do governo norte-americano tem se alterado drasticamente. Garantias constitucionais, como o devido processo e o habeas corpus, estão sendo desconsideradas, enquanto o Congresso e o Judiciário se tornaram submissos ao Executivo. A liberdade de imprensa também enfrenta severas restrições devido a processos judiciais infundados, autocensura e a falta de coragem das corporações, enquanto a liberdade acadêmica se deteriora diante da pressão da administração de Trump.
O que isso significa para a democracia americana?
As mudanças que estão ocorrendo com a rapidez de um passeio militar não passaram despercebidas. Em menos tempo do que se levou para Xi Jinping consolidar seu poder na China, os EUA estão vendo sua democracia se desmoronar. Apesar de algumas manifestações e processos judiciais, aqueles que implementam o projeto 2025 não enfrentaram resistência significativa.
A rapidez da queda da excepcionalidade americana
Contrariando a ideia de “excepcionalismo americano”, a queda do país tem ocorrido em uma velocidade alarmante. A geração mais velha ainda se lembra de movimentos studantis influentes da década de 60, como a ocupação da Universidade de Columbia e protestos contra a Guerra do Vietnã. Essa era de prosperidade e emprego benéfico permitiu que a classe média sonhasse com um futuro melhor, algo que hoje parece distante da realidade atual.
Um processo histórico
Entretanto, a transição dos EUA para um estado mais autoritário começou muito antes de Trump. As mudanças iniciaram em 1980, com a eleição de Ronald Reagan e o advento da “Década da Ganância”. Tornou-se evidente, com a resposta ao ataque de 11 de setembro, o surgimento de um estado policial e o agravamento das desigualdades econômicas.
Comparações com a China
Embora a China tenha regressado a uma liderança autocrática sob Xi, o povo chinês, em média, está mais rico e com uma influência global crescente. Em contrapartida, os EUA estão se tornando cada vez mais pobres, com aliados se afastando. A disparidade entre a riqueza dos oligárquicos e a situação do cidadão comum só aumenta. Essa mudança rápida e dramática levanta a questão: é possível haver esperança para o futuro democrático dos Estados Unidos?
O caminho a seguir
Embora muitos americanos tenham se tornado conformistas, a resistência não é impossível. A história dos EUA é repleta de desafios ao autoritarismo, e o espírito de luta ainda pode ser despertado. O desafio agora será reunir a população em busca de um futuro mais promissor, que combine a liberdade individual com a solidariedade coletiva.
Por fim, a situação atual dos EUA, marcada por um descontentamento generalizado, é um lembrete sombrio do que pode acontecer quando a liberdade é ameaçada. O tempo está se esgotando para que os americanos recuperem a essência de sua “terra dos livres”.