A Zona Sudoeste do Rio de Janeiro foi palco de uma grande operação policial na manhã desta segunda-feira (29), resultando na prisão de 17 indivíduos vinculados ao Comando Vermelho (CV). As investigações, que contaram com a colaboração da Polícia Civil do Rio e do Pará, além do Ministério Público, apontaram para uma rede criminosa que operava ativamente na Gardênia Azul e em outras comunidades da região.
O elo com o Pará: A prisão de Juliana Cristina
Uma das prisões mais relevantes foi a de Juliana Cristina Pinheiro dos Santos, conhecida como Jhu do Pará, de 26 anos. A traficante foi detida no estado do Pará e é considerada um elo fundamental na interligação dos comandos do tráfico entre o Rio e o Norte do país. De acordo com as autoridades, Juliana mantinha uma forte presença nas redes sociais, onde exibiu armas e símbolos da facção criminosa, além de demonstrar sua participação ativa no tráfico de drogas na comunidade da Gardênia Azul.
Com um histórico criminal que inclui uma prisão por tráfico internacional de drogas na França, Juliana se destacou como uma figura de comando na facção, atuando como soldado do tráfico e realizando interlocuções entre os estados. Durante uma coletiva de imprensa, o delegado Moyses Santana enfatizou a importância da prisão para neutralizar operações do CV, que vinham se expandindo na região.
Operação contra a expansão do Comando Vermelho
A operação teve como alvo não apenas Juliana, mas também outros membros do CV, incluindo Glauber Costa de Oliveira, conhecido como GL, que mesmo preso, continuava a emitir ordens sobre o tráfico por meio de grupos de mensagens. A ação conjunta das polícias e do Ministério Público foi necessária para desmantelar uma rede criminosa que causava grande instabilidade na paz social da região.
No decorrer da operação, foi revelado que a ligação entre o Comando Vermelho do Pará e do Rio é intensa, com muitos faccionados do norte do país emigrando para o Rio de Janeiro, onde há uma resposta forte às suas atividades. O delegado Gustavo Fossati afirmou que a relação é de uma “filial” que ajuda a perpetuar o tráfico na região.
Violência e retaliações
As operações policiais foram marcadas por violências e represálias por parte do tráfico. Barricadas foram erguidas em importantes avenidas, interrompendo o tráfego e colocando em risco a segurança dos cidadãos. Na Avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão, bandidos utilizaram veículos para bloquear a passagem, enquanto na Avenida Ayrton Senna, houve tentativas de interdição com entulhos. A PM acionou tropas de elite para controlar a situação, que estava fora de controle em várias áreas.
Além das dificuldades enfrentadas pelos policiais, as operações impactaram a rotina dos moradores. Escolas e unidades de saúde foram fechadas temporariamente para manter a segurança. A Secretaria Municipal de Educação reportou que 12 unidades escolares na Cidade de Deus e 4 na Gardênia Azul tiveram suas atividades suspensas devido à violência.
Repercussão da operação
A operação, que resultou em várias prisões e interdições devido à violência do tráfico, destaca a urgência em combater o crime organizado no Rio de Janeiro. O cenário apresentado pelas autoridades de segurança evidencia a necessidade de estratégias mais eficazes para combater a atuação de facções como o Comando Vermelho.
O impacto dessa operação vai além das prisões, com um chamado à ação para que o governo e a sociedade civil se mobilizem em prol de uma solução para o problema das drogas e da violência. Com a prisão de Juliana e de outros membros da facção, espera-se que a estabilidade e a segurança possam ser restauradas em áreas que há muito sofrem com a presença do crime organizado.
À medida que as investigações continuam, a população local espera que a ação dos órgãos de segurança traga resultados duradouros, permitindo um futuro melhor para a comunidade da Zona Sudoeste do Rio de Janeiro.
