Goiânia – Uma decisão da Justiça de Goiás resultou na ordem de retirada de um cartaz exposto em um frigorífico local que afirmava que “petista não é bem-vindo”. A medida foi tomada após uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do estado (MPGO), em resposta a uma denúncia do deputado estadual Mauro Rubem (PT-GO). A medida ilustra um cenário crescente de polarização política no Brasil, onde atos de discriminação são cada vez mais observados.
A decisão da justiça e suas implicações
O frigorífico em questão, que não teve seu nome divulgado, foi alvo de críticas por exibir uma placa considerada discriminatória contra filiados ou simpatizantes do Partido dos Trabalhadores. Na placa, que anunciava um valor promocional de Filé Mignon, estava escrito: “Petista aqui não é bem-vindo”. A justiça atendeu ao pedido de tutela de urgência do MP-GO, determinando que o frigorífico deveria retirar o cartaz de suas instalações físicas e de suas redes sociais em 48 horas após a notificação.
O papel do Ministério Público
A ação do MPGO é parte de uma estratégia para combater práticas discriminatórias que possam afetar a convivência social. O deputado Mauro Rubem definiu a placa como uma ação de promoção de ódio e exclusão, enfatizando que esse tipo de discriminação é inaceitável em uma sociedade democrática.
O juiz responsável pelo caso determinou ainda que, caso a decisão não seja cumprida, o frigorífico enfrentará uma multa diária de R$ 1.000, podendo chegar a um total de R$ 100.000. Além disso, a ação busca que o frigorífico seja obrigado a parar de veicular qualquer tipo de mensagem discriminatória e que publique uma retratação em um jornal de grande circulação no estado de Goiás.
A resposta do frigorífico
Leandro Batista, CEO do Frigorífico Goiás, se manifestou nas redes sociais em resposta à repercussão do cartaz. Em um vídeo, ele disse que os simpatizantes do PT não estão proibidos de entrar na loja, porém, destacou que “não são bem-vindos”. Essa declaração levantou ainda mais controvérsia, aumentando o debate sobre liberdade de expressão versus discurso de ódio.
Críticas e defesas
As palavras de Batista geraram uma onda de críticas. Ele chamou o deputado Mauro Rubem de “vagabundo” em sua gravação, provocando reações adversas na opinião pública. Para muitos, o que deveria ser uma simples questão comercial se transformou em um debate político intenso, evidenciando as tensões existentes na sociedade brasileira contemporânea.
Contexto histórico
Não é a primeira vez que o Frigorífico Goiás se vê no olho do furacão. Durante as eleições de 2022, o estabelecimento ficou famoso por vender o produto denominado “picanha mito”, em alusão ao número do então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). O caso gerou tumulto e terminou na Justiça, que proibiu a venda do produto, adicionando uma camada extra de complexidade ao perfil da empresa.
Esse histórico de controvérsias levanta questões sobre a ação de estabelecimentos comerciais em relação à política e ao impacto disso na imagem da marca. A necessidade de cumprir obrigações legais enquanto se tenta manter uma identidade comercial alinhada a um determinada ideologia política torna-se um verdadeiro dilema.
Reflexões finais
A situação do frigorífico em Goiás é um exemplo da crescente polarização e da necessidade de abordagens sensíveis às questões sociais e políticas no Brasil. A polaridade existente não apenas afeta as relações pessoais, mas também as estratégias comerciais de muitos negócios. O que pode ser visto como uma opinião ou uma declaração política para alguns, é interpretado como discriminação e desrespeito por outros. O diálogo e a conciliação tornam-se, portanto, essenciais para uma convivência mais harmoniosa em uma sociedade cada vez mais dividida.