Brasil, 30 de setembro de 2025
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Jerônimo e a Vulgata: a tradição que perdura na Bíblia

Especialista destaca a relevância da tradução de Jerônimo, símbolo da fidelidade aos textos originais e sua validade até hoje

No dia em que a Igreja celebra São Jerônimo, o estudo de sua obra revela a importância duradoura de sua tradução da Bíblia, a Vulgata, considerada uma das melhores versões disponíveis até o momento.

Por que a Vulgata de Jerônimo é considerada uma das principais traduções

Embora existissem versões anteriores em latim, como a Vetus Latina, foi a tradução de Jerônimo, iniciada no século IV, que consolidou o uso da Bíblia na Igreja Católica durante a Idade Média. Segundo Christophe Rico, linguista católico que trabalha em Jerusalém, a Vulgata continua sendo uma referência por sua precisão e fidelidade aos textos originais.

“Não conheço outra tradução antiga ou moderna tão boa quanto a Vulgata”, afirma Rico, que ensina grego e latim no Polis Institute. Ele também publica livros com o objetivo de ajudar estudantes a compreender e ler o latim e o grego, facilitando o acesso ao texto original da Bíblia.

Quem foi São Jerônimo?

Nasceu por volta de 340 na atual Croácia, e desde jovem foi incentivado a estudar retórica e filosofia clássica em Roma. Batizado em 360 pelo Papa Libério, Jerônimo percorreu diversas regiões do Egito, Síria e Palestina, onde aprendeu hebraico com rabinos judeus e se dedicou à vida de eremita em Belém.

Jerônimo foi conselheiro de vários papas e seu trabalho culminou na tradução da Bíblia, que hoje leva seu nome. Ele também é conhecido por seu temperamento crítico e pessoal difícil, embora sua contribuição para o Vaticano seja inestimável.

A criação da Vulgata

Antes de Jerônimo, a Bíblia em latim era baseada na Vetus Latina, uma tradução do grego Septuaginta feita no século II. No entanto, essa versão apresentava algumas imperfeições, motivo pelo qual o Papa Damaso I encarregou Jerônimo, em 382, de revisar e aprimorar a tradução do Novo Testamento a partir dos melhores textos gregos disponíveis.

Ao longo de vários anos, Jerônimo trabalhou detalhadamente, corrigindo passagens e aprofundando o significado das palavras originais. Sua tradução do Novo Testamento foi considerada uma melhoria substancial, com destaque para o entendimento do termo grego “epiousios”, que ele traduziu como “supersubstantialem”, indicando a Eucaristia.

Posteriormente, Jerônimo dedicou-se à tradução do restante do Antigo Testamento, baseado no hebraico, que dominava há anos. Seu conhecimento das línguas e acesso ao Hexapla de Origen facilitaram essa tarefa, que levou cerca de 15 anos.

Impactos históricos e atuais da Vulgata

Após sua conclusão, a Vulgata tornou-se a Bíblia oficial da Igreja Católica no Concílio de Trento e serviu de base para diversas traduções, como a Douay-Rheims em inglês. Em 1979, foi publicada a Nova Vulgata, versão atualizada utilizada na liturgia e estudos da Igreja.

Hoje, a Vulgata ainda é referência para estudiosos e fiéis, que apreciam sua fidelidade. Rico destaca que, apesar de não existirem traduções perfeitas, a versão de Jerônimo é uma das mais confiáveis para consultar dúvidas em versões modernas.

Legado de São Jerônimo e sua importância na história da Igreja

Reconhecido como Doutor da Igreja e padroeiro dos estudiosos de línguas bíblicas, Jerônimo dedicou sua vida à oração, ao estudo e à tradução. Sua obra consolidou a tradição da Igreja e continua a influenciar o estudo bíblico até hoje.

A tradução de Jerônimo é uma ponte entre os textos originais e a millions de leitores ao redor do mundo, preservando a essência das Escrituras e sua mensagem de fé.

Esta matéria foi originalmente publicada em 30 de setembro de 2022 e atualizada em 2025.

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