A discussão sobre a isenção do Imposto de Renda tem ganhado força e destaque no cenário político brasileiro, principalmente com o relatório apresentado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Nesta terça-feira (30/9), a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, elogiou a proposta que prevê a isenção do imposto para quem recebe até R$ 5 mil. A votação desse relatório está agendada para quarta-feira (1º/10), e a expectativa é alta sobre os desdobramentos dessa medida.
O posicionamento de Gleisi Hoffmann
Gleisi Hoffmann afirmou que o relatório de Lira está “muito bom” e crucial para garantir que aqueles que ganham até R$ 5 mil sejam isentos do Imposto de Renda. Ela destacou que a proposta representa um equilíbrio importante, afirmando que “nós achamos que muito importante e queremos obviamente que esse relatório seja aprovado como ele está em plenário”. Com isso, a ministra enfatiza o compromisso do governo em beneficiar os trabalhadores de menor renda, além de mencionar ajustes na tabela do imposto.
A ministra apontou que o aumento da faixa de isenção de R$ 7 mil para R$ 7.350 é um sinal positivo, pois reflete um ajuste considerável. “Ele inclusive realmente subiu de R$ 7 mil pra R$ 7.350 [a faixa de cobrança reduzida]”, enfatizou Gleisi, reforçando a importância das mudanças no sistema tributário que favorece a classe média.
Desafios impostos pela oposição
Contudo, nem tudo são flores. A oposição se mostra preocupada com os desdobramentos da proposta, temendo que a aprovação possa impulsionar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca a reeleição em 2026. Ao mesmo tempo, tenta articular um aumento na faixa de isenção para acima de R$ 10 mil, o que, segundo Gleisi, afetaria o projeto de isenção proposto pelo governo.
“A oposição não tem moral pra apresentar uma proposta dessas”, criticou Gleisi, argumentando que aqueles que apoiaram os governos anteriores deixaram a tabela do Imposto de Renda congelada em níveis insustentáveis. “Quando Lula entrou, elevamos para dois e agora para cinco salários mínimos”, completou, enfatizando o avanço nas políticas fiscais voltadas para a classe trabalhadora.
A importância da neutralidade fiscal
Outro ponto levantado é a crítica ao que o Centrão classifica como falta de uma “neutralidade fiscal” na proposta. Os opositores argumentam que o texto enviado pelo Planalto não contempla compensações adequadas, o que poderia resultar em uma arrecadação inferior ao esperado. Dessa forma, a ideia de financiar essa isenção através de outras medidas tem sido discutida e deve ser um ponto focal durante a votação.
O governo, por sua vez, reforça que a proposta é equilibrada, e que as preocupações com a arrecadação não devem ser utilizadas como uma forma de obstrução política. A ministra Hoffmann indicou que a proposta é uma oportunidade de melhorar a vida dos brasileiros e que deve ser tratada com seriedade e celeridade.
Expectativas para a votação
Gleisi também mencionou que já discutiu o projeto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), embora não tenha se comprometido com uma data para análise. Ela expressou otimismo sobre a “boa vontade” do senador em relação ao texto e ressaltou a importância da aprovação da proposta ainda neste ano fiscal.
“O que nos importa é a anterioridade legal; é um projeto que tem que ser aprovado e sancionado esse ano”, finalizou Gleisi, deixando a expectativa no ar sobre como será o desfecho desse embate político. A aprovação dessa medida poderá representar um passo significativo na reestruturação da política tributária brasileira, e o resultado da votação será observado com atenção por toda a sociedade.