O governo dos Estados Unidos está prestes a entrar em paralisação nesta quarta-feira (1º), após o Congresso não conseguir aprovar um projeto de orçamento que mantenha o financiamento federal. Caso a situação não seja resolvida, diversos serviços públicos poderão ser suspensos, afetando milhões de americanos.
Impasse no Congresso ameaça funcionamento do governo americano
Na noite de terça-feira (30), os senadores tentaram aprovar a última proposta orçamentária, porém ela recebeu apenas 55 votos favoráveis, menos dos 60 necessários para sua aprovação. Com isso, o Senado encerrará a sessão e retomará os trabalhos somente na quarta-feira, enquanto o prazo limite para aprovação se encerra às 23h59 desta terça.
Se o orçamento não for aprovado até esse horário, o governo ficará parcialmente fechado. Mesmo que o Congresso consiga aprovar o projeto na Câmara e enviá-lo para sanção do presidente Joe Biden, ainda há obstáculos, já que os deputados também não estão em sessão no momento.
Sobras do impasse: saúde e interesses políticos
O principal ponto de divergência é a saúde pública. Os democratas afirmam que só aprovarão o orçamento se programas de benefícios médicos, que prestes a expirar, forem prorrogados. Por outro lado, os republicanos de Donald Trump defendem que saúde e financiamento federal sejam tratados de forma separada, acusando os democratas de usarem o orçamento como moeda de troca para atender interesses próprios antes das eleições legislativas de 2026.
Negociações e ameaças presidenciais
Na última segunda-feira (29), lideranças democratas e republicanas se reuniram na Casa Branca com Trump na tentativa de encontrar uma saída. As negociações, no entanto, não avançaram e ambos os lados passaram a se acusar mutuamente de forçar a paralisação do governo. Nesta terça, Trump ameaçou demitir servidores e encerrar programas ligados aos democratas caso a crise perdure, dizendo: “Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”.
Impactos práticos da paralisação nos EUA
Se confirmada, a paralisação afetará milhares de servidores públicos, muitos dos quais entrarão em licença sem remuneração, enquanto outros, que atuam em serviços essenciais, terão seus salários suspensos, que serão pagos posteriormente assim que o orçamento for normalizado.
No setor de transporte, companhias aéreas alertam para possíveis atrasos e filas maiores nos aeroportos. A previsão é que cerca de 11 mil funcionários da Administração Federal de Aviação (FAA) sejam dispensados, enquanto aproximadamente 13 mil controladores de tráfego aéreo continuarão trabalhando sem receber salários durante o período de paralisação.
Além disso, parques nacionais, museus e zoológicos federais poderão fechar ou reduzir seus serviços. Mesmo assim, alguns serviços, como pagamento de aposentadorias e programas de assistência social, continuarão funcionando, pois dependem de recursos já disponíveis.
Restrições e continuidade dos serviços
Tribunais federais, Receita Federal, forças de segurança como FBI, Guarda Nacional e patrulhas de fronteira deverão manter suas operações essenciais. O Pentágono informou que mais da metade dos seus 742 mil funcionários civis serão afastados, enquanto cerca de 2 milhões de militares permanecerão em seus postos.
Visitas oficiais e eventos internacionais, como encontros de chefes de Estado, estão cancelados. A paralisação também poderá atrasar a publicação de dados econômicos importantes, afetando a formulação de políticas públicas e o mercado financeiro.
Histórico recente e possíveis consequências
O último shutdown nos EUA ocorreu entre 2018 e 2019, durante o governo de Trump, e durou 35 dias, causando prejuízos de aproximadamente US$ 3 bilhões (cerca de 0,02% do PIB). Caso a paralisação aconteça novamente, o impacto econômico e social poderá ser significativo, agravando a instabilidade política no país.
Autoridades alertam que, sem consenso, os efeitos do impasse poderão se estender além do funcionamento do governo, prejudicando também a confiança dos investidores e a economia dos Estados Unidos a curto prazo.