Numa emocionante entrevista ao programa Roda Viva, a atriz Dira Paes abriu seu coração e compartilhou sua trajetória de fé, destacando seu crescimento em Belém e sua vivência durante o Círio de Nazaré, a maior manifestação religiosa do Pará. Dira revela como a religião moldou sua visão de mundo e suas crenças, refletindo sobre as complexidades da fé e os perigos associados à religião na vida cotidiana.
A trajetória de fé de Dira Paes
Dira Paes, conhecida por sua atuação no cinema e na televisão brasileira, cresceu em um ambiente de intensa religiosidade católica. Desde a infância, frequentou um colégio marista, onde teve sua educação religiosa fundamentada. “Eu venho de um colégio marista e eu amava estudar lá. Durante os Círios de Nazaré, fiz toda a minha formação católica e participava de serviços voluntários. Para mim, isso sempre foi uma manifestação de fé e amor”, contou Dira.
Embora tenha sido educada em um ambiente católico, a atriz ressaltou que desenvolveu uma relação pessoal com a fé. Em sua experiência, a religiosidade não se limitava a seguir rituais, mas sim a uma conexão mais profunda com os princípios de amor e solidariedade. Sua mãe, que criou sete filhos, tinha uma prática religiosa especial, associando cada um deles a um santo, algo que Dira relembra com carinho. “A minha advogada é Nossa Senhora da Aparecida, porque eu sou a mais morena e sempre amei a ideia de me identificar com ela”, disse.
Rompimento com a religião institucional
Com o avanço de seus estudos em filosofia, Dira Paes acabou se afastando da religiosidade institucional. No entanto, isso não significou um rompimento com a fé em si, mas sim a criação de um “estado de fé” que ela continua a nutrir. “Eu não rompo com esse estado de fé, de amor, de acreditar no outro”, afirmou, enfatizando a importância de manter a confiança e a benevolência em suas interações. Para Dira, a fé deve estar ligada à intuição e à capacidade humana de se conectar e confiar.
A atriz também fez um alerta sobre as distorções que a religião pode sofrer quando utilizada como uma forma de evitar enfrentar as dificuldades da vida. “Muita gente busca a religião para o apagamento, para colocar os problemas debaixo do tapete, e isso faz muito mal às famílias”, avaliou, refletindo uma preocupação com o uso inadequado da fé como mecanismo de fuga.
A fé como caminho de autoconhecimento
Atualmente, Dira Paes enxerga sua relação com a religião de uma maneira transformadora. Para ela, a fé é um dos caminhos mais ricos para o autoconhecimento e a conexão com o eu interior. “Religião é conhecimento, é autoconhecimento, é você ter um encontro com o seu eu”, disse a atriz, ressaltando que essa busca pessoal por compreensão é um elemento essencial em sua vida.
A discussão sobre fé e autoconhecimento não é apenas uma reflexão pessoal para Dira; é um convite a todos a reconsiderar o papel da religião em suas vidas. Ela incentiva uma abordagem que vá além das obrigações religiosas, propondo uma busca pelo verdadeiro sentido da fé e da espiritualidade.
Ao final da entrevista, a atriz deixou uma mensagem de esperança e incentivo para que as pessoas não se conformem com a superficialidade das práticas religiosas, mas que busquem um entendimento mais profundo de si mesmas e do mundo. A experiência de Dira Paes é um lembrete poderoso de que a fé pode ser um aliado na jornada de alguém que busca não apenas por conexão espiritual, mas também por um genuíno crescimento pessoal.
Com sua coragem em abordar temas delicados e ao mesmo tempo universais, Dira Paes continua a inspirar muitos brasileiros a explorarem a complexidade de suas crenças pessoais e a refletirem sobre a verdadeira essência da fé.