A conclusão de um estudo divulgado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com órgãos do governo, universidades e empresas, indica que alcançar as metas de descarbonização assumidas pelo Brasil é compatível com o crescimento econômico do país, incluindo a exploração de novas reservas de petróleo. Segundo Rafaela Guedes, especialista do Cebri, o país pode avançar na transição energética sem deixar de utilizar fontes fósseis, desde que de forma sustentável.
Perspectivas para a transição energética e o papel do Brasil
De acordo com Rafaela Guedes, o cenário global apresenta desafios significativos, como a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e o aumento das tensões geopolíticas, que podem atrasar a transição ecológica. No entanto, ela ressalta que esses fatores não eliminam as oportunidades de o Brasil aproveitar os movimentos internacionais para ampliar sua matriz de energia limpa.
Impacto da saída dos EUA do Acordo de Paris e a agenda internacional
O estudo analisou oito meses de impacto da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, destacando que, apesar do foco dos EUA em tornar sua economia mais competitiva, o compromisso com a redução de emissões perdeu força. “Embora muitos países ainda estejam atrasados em seus planos de redução de emissões, isso não significa que a transição global tenha sido interrompida”, afirma Guedes.
Desafios e oportunidades na busca por uma economia mais sustentável
O documento aponta que a lentidão na produção de biocombustíveis de aviação, especialmente na Europa, representa um desafio. Ainda assim, há avanços em setores como mineração, aviação e produção de biocombustíveis, impulsionados por startups de baixo carbono. Apesar das dificuldades, o Brasil mantém vantagens por possuir uma matriz energética predominantemente renovável e políticas públicas em desenvolvimento para ampliar esse índice.
Investimentos e obstáculos na transição
Mesmo com o ritmo mais lento, a tendência de investimentos no setor energético sustentável cresce, com melhorias na infraestrutura, como portos de Pecém e Açu, e projetos de captura de carbono. Guedes destaca que a implementação de um mercado de créditos de carbono ajudará a acelerar o cumprimento das metas de descarbonização, embora alguns obstáculos ainda precisem ser superados, como a atração de recursos para ações climáticas.
O papel das reservas de petróleo e as estratégias do Brasil
Com relação à exploração de novas reservas de petróleo, a especialista afirma que o Brasil pode continuar produzindo de forma sustentável sem comprometer o clima. “A análise do Cebri mostra que o país consegue alcançar a neutralidade de emissões mesmo mantendo a produção de petróleo, desde que adotem medidas mitigadoras”, explica Guedes. Segundo ela, é importante equilibrar o desenvolvimento econômico com o compromisso ambiental.
O futuro da participação brasileira na arena internacional
O estudo reforça que, mesmo diante do cenário geopolítico complicado, o Brasil dispõe de uma vantagem competitiva por sua matriz limpa. Além disso, iniciativas como o fundo para remunerar a preservação das florestas tropicais, apresentado pelo presidente Lula em Nova York, reforçam a estratégia do país de continuar atuando de forma relevante em negociações globais.
Conclusão: potencial e limites do Brasil na luta contra as mudanças climáticas
Apesar dos desafios, Guedes conclui que a combinação de crescimento econômico, uso sustentável de recursos fósseis e investimentos em inovações tecnológicas indica um caminho possível para o Brasil. Ela ressalta que a criação de soluções competitivas, com foco na redução de custos e na inovação, será essencial para cumprir as metas de descarbonização sem prejudicar o desenvolvimento econômico.
Mais detalhes podem ser conferidos na análise completa no site do Globo.
