A economia brasileira gerou em agosto 147.358 vagas de emprego com carteira assinada, resultado de 2,24 milhões de contratações contra 2,09 milhões de demissões, informou ontem o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Câmbio na criação de empregos e perspectiva de desaceleração
O saldo de vagas aumentou em comparação com as 134.251 abertas em julho, mas é o menor para o mês desde 2020 e representa uma redução de 38,3% em relação a agosto de 2024, quando foram criados 239 mil empregos formais. A desaceleração foi mais intensa que a previsão do mercado, que estimava um saldo de 184 mil vagas (Valor Data). Segundo analistas, os números refletem uma transição gradual na recuperação do mercado de trabalho, mesmo diante de um cenário econômico mais adverso.
Análise do mercado de trabalho em pausa
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que o resultado demonstra que o mercado de trabalho formal “cresce menos, mas continua crescendo”. Ele também mencionou que o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil teria “um pequeno efeito” na geração de empregos no Sul do país, embora o principal fator seja o aumento das taxas de juros. Segundo o ministro, “o impacto maior é dos juros”.
A divulgação faz parte do Novo Cadastro Geral da Empregados e Desempregados (Caged), sistema do governo que acompanha as admissões e demissões de trabalhadores com carteira assinada, um importante termômetro do mercado de trabalho brasileiro.
Segmentos mais e menos afetados
O setor de serviços foi responsável pelo maior saldo positivo de agosto, com 81.002 novas vagas, seguido pelo comércio, com 32.612, e pela indústria, que criou saldo de 32.612 postos. A construção civil também contribuiu, gerando 17.328 oportunidades formais. Em contrapartida, o setor agropecuário foi o único a registrar saldo negativo, com 2.665 demissões, potencialmente relacionado ao fim da supersafra e às tarifas americanas sobre produtos brasileiros, segundo a analista Sara Paixão, da InvestSmart.
Impacto das tarifas e cenário externo
Especialistas indicam que as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos importados do Brasil impactam o setor agropecuário, enquanto outros fatores, como o fim da supersafra, também influenciam esses números. João Pereira, presidente do BNDES, avalia que o mercado de trabalho deve vivenciar uma acomodação natural no segundo semestre, dada a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano pelo Banco Central.
Perspectivas futuras para o emprego no Brasil
Rodolfo Margato, economista da XP, comenta que o dado do Caged reforça a visão de que a taxa de desemprego permanecerá abaixo do seu nível neutro, estimado entre 7% e 7,5%, por um período prolongado. Apesar da desaceleração, o país mantém 48,68 milhões de empregados com carteira assinada no fim de agosto, aumento tanto na comparação com julho quanto em relação a agosto de 2024.
O saldo acumulado de janeiro a agosto de 2025 é de 1,5 milhão de novos empregos formais, uma redução de 13,8% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram abertas 1,74 milhão de vagas. Além disso, o salário médio de admissão aumentou 0,56% em relação a julho, atingindo R$ 2.295, uma variação real de 0,86% ao ano.
Segundo análises de especialistas, o cenário aponta uma desaceleração gradual, com expectativas de que o Banco Central possa iniciar um ciclo de corte de juros no primeiro trimestre de 2026, especialmente após dois meses consecutivos de resultados abaixo do esperado pelo mercado.
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