Brasil, 30 de setembro de 2025
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Afeganistão enfrenta apagão total da internet em meio a crises

Na terça-feira, o Afeganistão vivenciou um apagão quase total dos serviços de internet, junto com interrupções generalizadas nas redes móveis, segundo relatórios locais. O governo do Talibã não forneceu uma explicação oficial, mas especialistas afirmam que a interrupção foi deliberada e está ligada à campanha do grupo islamita contra o que consideram “atividades imorais” online, incluindo o acesso a conteúdos pornográficos.

Impacto do apagão na população afegã

O grupo de monitoramento NetBlocks informou sobre um “apagão total da internet” no Afeganistão. A conectividade já havia começado a cair gradualmente na noite de segunda-feira e, neste momento, está abaixo de 1% dos níveis normais em um país onde o acesso já é bastante limitado. As interrupções móveis são consequência da dependência da mesma infraestrutura de internet que foi cortada. Além disso, a emissora afegã ToloNews alertou seus espectadores sobre possíveis falhas, indicando que o Talibã está permitindo que apenas as redes 2G operem, enquanto os serviços mais avançados, como 3G e 4G, continuam fora do ar.

A interrupção gerou pânico em um país de 43 milhões de habitantes, que já enfrenta uma crise humanitária agravada desde que o Talibã reassumiu o poder em 2021. Um comerciante de Cabul, Najibullah, de 42 anos, expressou sua frustração: “Estamos cegos sem telefones e internet. Todo o nosso negócio depende de celulares. As entregas são combinadas por telefone. É como um feriado – todos estão em casa, a economia está congelada.”

Repercussões para os afegãos no exterior

Afegãos que vivem no exterior também expressaram preocupação, relatando dificuldade em contatar familiares. Mohammad Hadi, um afegão de 30 anos que reside na Índia, declarou à CNN: “Desde ontem, não temos contato com ninguém. Não há como falar, não temos como saber se estão seguros.”

Antes do apagão, o líder do Talibã, Hibatullah Akhundzada, havia ordenado fechamentos limitados em várias províncias. O apagão de terça-feira representou a primeira interrupção nacional da internet desde a volta ao poder do grupo. Informações da AFP indicam que, pouco antes da interrupção, um oficial do Talibã havia advertido sua redação em Cabul que entre 8.000 e 9.000 sites de comunicação seriam desligados “até novo aviso”.

Consequências econômicas e descontentamento interno

O oficial reconheceu as severas consequências econômicas da iniciativa, informando que os serviços bancários também seriam afetados, mas insistiu que a medida era necessária. Segundo a AFP, Akhundzada ignorou os alertas de seus próprios funcionários sobre o impacto que a medida poderia ter.

O Talibã governou o Afeganistão anteriormente, de 1996 a 2001, antes de ser derrubado por uma coalizão liderada pelos EUA após os ataques terroristas de 11 de setembro. Após duas décadas de guerra, as tropas estrangeiras se retiraram em 2021, e o Talibã rapidamente tomou Cabul, derrubando o governo apoiado pelo Ocidente.

Desde que assumiram o poder, o Talibã reimpôs restrições severas, principalmente sobre as mulheres. Meninas estão proibidas de frequentar instituições de ensino após os 6 anos, e as mulheres não podem viajar longas distâncias sem um guardião masculino, com a maioria dos empregos fechados para elas. O contato físico é estritamente limitado, permitindo que mulheres apenas toquem em seus pais, irmãos, maridos ou filhos – e vice-versa.

Desafios adicionais para as mulheres afegãs

O apagão da internet deve afetar as mulheres de forma especialmente severa. Muitas haviam recorrido à educação online como a última chance de estudar após a proibição quase total das aulas presenciais. Uma estudante afegã, sob o pseudônimo de Fahima Nouri, comentou: “Nossa última esperança era a educação online, e agora até esse sonho foi destruído.”

Sanam Kabiri, uma ativista dos direitos das mulheres baseada fora do Afeganistão, condenou a ação. “O Talibã está usando todas as ferramentas possíveis para oprimir nosso povo,” afirmou. “O que mais esses homens ignorantes de outro século querem de nossa nação já sofrida?”

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