O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (29) uma proposta polêmica que pode mudar a dinâmica do cinema mundial. Ele pretende impor uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos fora dos Estados Unidos. Segundo Trump, a iniciativa visa proteger o cinema americano da crescente concorrência internacional e recuperar o espaço perdido para produções de outros países.
Em uma postagem na sua rede social, Truth Social, Trump expressou sua indignação: “Nosso negócio de produção cinematográfica foi roubado dos Estados Unidos da América por outros países, assim como roubar ‘doce de criança’. A Califórnia, com seu governador fraco e incompetente, foi particularmente afetada”, escreveu.
O plano, segundo ele, busca resgatar a força de Hollywood, afirmando que a indústria perdeu espaço devido a incentivos fiscais e custos mais baixos oferecidos por países estrangeiros. “Portanto, para resolver esse problema antigo e sem fim, irei impor uma tarifa de 100% sobre todo e qualquer filme produzido fora dos Estados Unidos. Obrigado pela atenção a este assunto”, declarou.
A reação da indústria cinematográfica
A proposta rapidamente gerou dúvidas e críticas entre analistas e produtores do setor. Especialistas ouvidos pela Reuters lembraram que o cinema moderno é caracterizado pela coprodução internacional, com filmagens, equipes e pós-produção realizados em diversos países. Isso levantou a questão: como determinar quais obras seriam realmente sujeitas à nova taxa?
Além disso, a falta de clareza sobre a base legal para classificar filmes como produtos passíveis de tarifação também preocupa. Tradicionalmente, o modelo de tarifas aplica-se a mercadorias físicas, enquanto os produtos audiovisuais circulam em formatos digitais e envolvem uma complexa rede de parcerias globais.
Outras iniciativas de Trump
Essa não é a primeira vez que Trump tenta implementar tarifas em produtos estrangeiros. Na semana passada, ele anunciou novas tarifas sobre móveis importados, cercadas por alíquotas que poderiam chegar a 50% sobre armários e 30% sobre estofados. Essas medidas fazem parte de sua política de “América em Primeiro Lugar”, que visa resguardar empregos e indústrias locais, embora frequentemente enfrentem oposição e críticas por sua aplicação e viabilidade.
A proposta da tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros reflete a estratégia de Trump de enfatizar a proteção do mercado americano, mas a reação da indústria é cada vez mais preocupada com a possíveis consequências de um movimento que pode ser considerado impopular ou extemporâneo.
Conclusão
Em um cenário em que o cinema é mais colaborativo e internacional do que nunca, a proposta de Trump suscita importantes discussões sobre identidade cultural, economia e a viabilidade de um mercado global. A medida, se implementada, poderá não apenas afetar a recepção de filmes estrangeiros nos Estados Unidos, mas também reverberar em acordos internacionais e nas futuras produções cinematográficas.