Brasil, 29 de setembro de 2025
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Tarifas de Trump: impactos e reações no Brasil e EUA

Especialistas avaliam consequências das tarifas de 50% impostas por Trump ao Brasil e seus efeitos na economia e no comércio.

As tarifas de 50% sancionadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil e a diversos países do mundo, completam quase dois meses, e as reações do mercado já começam a aparecer. Enquanto alguns especialistas argumentam que as sanções podem ter sido um “tiro no pé” do presidente americano, outros alertam para a complexidade da situação.

Análise das tarifas de 50%

O professor de finanças da Strong Business School, Jarbas Thaunahy, advertiu que classificar as sanções como um “tiro no pé” é simplificar uma realidade multifacetada. Ele afirma que, embora as tarifas tenham pressionado os preços domésticos, não são a única causa da inflação alimentar americana, destacando que o efeito líquido contribui para aumentar o custo político das medidas.

O impacto das tarifas já é perceptível para o consumidor americano, que enfrenta preços mais altos em produtos brasileiros, como o café e a carne bovina. O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA indicou um aumento de 21% no preço do café em 12 meses, sendo 3,6% apenas de julho para agosto — a maior taxa em quase três décadas. Já a carne bovina registrou um aumento anual de 7,3%, sendo 1,8% entre julho e agosto. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes informou que as exportações para os EUA caíram 51,1% em relação ao ano anterior, saltando de 19,1 mil toneladas para 9,3 mil toneladas.

Contexto das tarifas impostas por Trump

Em abril, Trump impôs tarifas de 10% a produtos brasileiros, e em julho, anunciou uma taxa adicional de 40%, totalizando 50%. Segundo o governo, a justificativa era que o Brasil apresenta um superávit nas relações comerciais, quando na realidade é deficitário. Outro ponto de discussão foi o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que Trump chamou de “caça às bruxas” por parte do Judiciário brasileiro, o que gerou polêmica e reações adversas no cenário político.

O governo brasileiro tem buscado negociar a diminuição das tarifas, mas as tentativas encontram resistência, incluindo ações de figuras políticas como o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente.

Impacto dos aumentos tarifários na economia americana

Os efeitos das tarifas não se limitam a preços elevados. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que a economia americana desacelerará para 1,8% em 2025, indicando uma tendência de restrição econômica. Os senadores americanos já se movimentam para reverter as tarifas de Trump, apresentando resoluções que argumentam que as taxas ameaçam setores vitais da economia nacional.

As pesquisas mostram uma crescente insatisfação entre os americanos quanto às tarifas, o que pode impactar negativamente a popularidade de Trump e suas possibilidades políticas futuras. “Mesmo com a proteção temporária para indústrias locais, a elevação dos custos encarece o custo de vida e fragiliza cadeias produtivas que dependem da complementaridade internacional”, assessora o economista chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni.

Estratégia de desvalorização da moeda

Um dos objetivos por trás das tarifas de Trump é a desvalorização do dólar, que pressiona a inflação e altera o déficit comercial. O professor Thaunahy menciona que, ao encarecer importações, as tarifas podem gerar uma ambiguidade econômica, às vezes levando a um aumento do valor do dólar. Contudo, o ambiente de incerteza gerado por medidas protecionistas pode resultar em fuga de capitais, contribuindo para uma eventual desvalorização da moeda americana.

Um possível aceno para o fim das tarifas

Recentemente, Trump fez um aceno a uma eventual reunião com Lula durante a Assembleia Geral da ONU, manifestando que “tivemos uma excelente química”. A equipe de Lula recebe essa sinalização com otimismo, com a expectativa de uma futura reunião, que pode trazer novas perspectivas sobre a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos.

No contexto atual, as tarifas de Trump representam um desafio não apenas para os aliados brasileiros, mas refletem uma estratégia econômica que pode ter consequências na relação com outros países e no próprio futuro político dos EUA. Enquanto isso, os impactos econômicos tendem a reverberar tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, sendo uma situação que requer atenção constante de analistas e operadores do mercado.

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