Índices de desigualdade, dificuldades econômicas e questões sociais marcaram o Dia Internacional da Paz, celebrado em 21 de setembro, com apelos dos líderes cristãos do Zimbábue por anulação da dívida soberana do país. Em uma declaração conjunta, integrantes do Zimbabwe Heads of Christian Denominations (ZHOCD) ressaltaram que a suspensão do débito ajudaria na recuperação econômica, redução da pobreza e construção de uma paz duradoura.
Contexto da crise econômica e dívida internacional
O Zimbábue enfrenta uma dívida total de aproximadamente US$ 8,3 bilhões, na maioria em atraso, o que dificulta o acesso a financiamentos internacionais acessíveis e impede a retomada do crescimento econômico. Segundo informações do African Development Bank, a dívida brasileira bloqueia investimentos essenciais e agrava a situação social do país.
Em uma publicação no Twitter, o ZHOCD destacou que a paz plena não é apenas a ausência de conflito armado, mas também a presença de justiça social e equidade econômica. “Pedimos aos parceiros internacionais que considerem a suspensão da dívida para aliviar a carga econômica do Zimbábue e possibilitar esforços internos para combater problemas sociais graves, como a desigualdade, criminalidade e violência doméstica”, afirmaram os líderes cristãos.
Reflexões sobre a paz social e melhorias estruturais
Os representantes religiosos ressaltaram que, apesar da segurança estar relativamente preservada, o povo enfrenta injustiças e desigualdades profundas. “Estamos vivendo uma peace negativa, uma paz que evita conflitos físicos, mas não resolve as causas estruturais que alimentam a instabilidade social”, explicaram.
Entre os principais problemas citados estão o consumo excessivo de drogas, violência doméstica e assaltos armados, fenômenos que afetam vulneráveis como mulheres, jovens e pessoas com deficiência. Os líderes pediram que o governo priorize a justiça social e a proteção dos direitos humanos, especialmente dos mais frágeis.
Apelo à unidade e à justiça
Os membros do ZHOCD reafirmaram a necessidade de diálogo entre lideranças políticas e sociais, buscando resolver as raízes dos conflitos e promover uma sociedade mais justa. “Devemos trabalhar juntos para restaurar a dignidade humana e a paz sustentável, apoiados pelas palavras de Mahatma Gandhi contra a pobreza”, disseram na declaração.
Ao enfatizar a importância de iniciativas que promovam justiça, igualdade e o desenvolvimento, os líderes cristãos defendem que a ressignificação do papel do Estado e do setor externo é fundamental para uma transformação genuína do país. “A recuperação econômica deve estar alinhada com a promoção de direitos humanos e o bem-estar social de todos os Zimbabweanos”, concluíram.
Este artigo foi originalmente publicado pela ACI Africa e adaptado pelo CNA, reforçando o apelo internacional por ações que possam mudar a situação socioeconômica do Zimbábue.