O ex-presidente Donald Trump utilizou nesta semana o termo “sissy” ao condenar uma mudança na regra de pontuação da NFL, em uma postagem na plataforma Truth Social. A declaração reacendeu discussões sobre o uso de linguagem discriminatória e suas implicações sociais, segundo especialistas na área de estudios culturais e direitos humanos.
Contexto da crítica de Trump à nova regra da NFL
A NFL implementou uma nova “regra dinâmica de pontAP”, que ajusta o posicionamento dos pontos de chute e aproxima os jogadores para reduzir colisões de alta velocidade, visando maior segurança. A mudança, segundo a liga, busca proteger os atletas e tornar o jogo mais empolgante ao aumentar as tentativas de retorno.
Entretanto, Trump criticou o novo regulamento, chamando-o de “ridiculamente feio” e associando a uma expressão pejorativa ao esporte, afirmando que “sissy football é ruim para a América e para a NFL”.
O significado e o impacto do uso do termo “sissy”
Embora “sissy” possa ter múltiplas conotações, seu uso no contexto de Trump remete a uma palavra com histórico de conotação homofóbica e de feminilização pejorativa. Segundo Deepak Sarma, especialista em estudos de typologia de linguagem, o termo é tradicionalmente empregado para menosprezar homens que não se enquadram na visão estereotipada de masculinidade extrema.
“O pronunciamento de Trump reflete uma cultura nociva de masculinidade tóxica, onde estereótipos negativos são encorajados e utilizados para difamar,” afirma Sarma. “Ele insulta homens considerados frágeis ou diferentes e, de quebra, reforça a ideia de que mulheres são frágeis e excessivamente sensíveis.”
Consequências sociais e o discurso de ódio
De acordo com o especialista, a postura de Trump, que busca exibir uma hipermasculinidade inventada, evidencia também sua “covardia” e suas controvérsias envolvendo acusações relacionadas a mulheres, além de sua ausência de serviço militar, obtendo uma isenção médica por Spurs nos calcanhares durante a Guerra do Vietnã.
“O uso frequente de termos desumanizadores está contribuindo para uma crescente cultura de intolerância”, alerta Sarma. “Este tipo de discurso alimenta uma onda de violência e discriminação, seja na internet ou na vida real.”
Perigo do discurso na era digital
Especialistas avaliam que o episódio reforça uma tendência preocupante de normalização de palavras e termos pejorativos na comunicação online. “Embora muitos vejam esse comportamento como uma reação a uma suposta ‘política de correção social’, na verdade há um risco maior de que essa linguagem se traduza em atos de violência”, conclui Sarma.
O posicionamento de Trump na plataforma social acentua o debate sobre os limites do discurso político e suas consequências na formação de uma cultura de intolerância e machismo exacerbbado, com potencial de impacto direto na sociedade.
Esta matéria foi originalmente publicada no HuffPost.
