Uma notável mobilização tomou forma no mundo do esporte, com 50 atletas profissionais se unindo para assinar uma carta direcionada à Uefa. O grupo, que inclui nomes renomados como o meia do Crystal Palace, Cheick Doucouré, o marroquino Hakim Ziyech, o francês Paul Pogba e o jogador de críquete inglês Moeen Ali, solicita a suspensão de Israel de todas as competições europeias. A iniciativa foi impulsionada pela Nujum Sports, uma entidade que representa atletas muçulmanos no Reino Unido, em colaboração com o movimento Athletes 4 Peace.
A voz dos atletas contra a violência
No documento, os atletas expressam a opinião de que o esporte não deve permanecer em silêncio diante das atrocidades que ocorrem em Gaza. Com um apelo emocional, a carta destaca que, enquanto atletas e civis, incluindo crianças, são mortos indiscriminadamente, não há espaço para indiferença no cenário esportivo. A missiva ainda presta homenagem a Suleiman al-Obeid, conhecido como “Pelé Palestino”, que foi assassinado em agosto pelas forças israelenses, conforme registrado pela Associação Palestina de Futebol.
Relatório da ONU e as acusações de genocídio
Os atletas fundamentam seu apelo com base em um relatório da ONU, datado de setembro, que acusa Israel de ações com “intenção genocida” contra os palestinos em Gaza. Essa alegação, entretanto, foi negada por autoridades israelenses, que contestam veementemente essas acusações. O texto destaca: “É uma obrigação dos órgãos esportivos tomar medidas contra equipes esportivas que representam um país que, segundo uma comissão das Nações Unidas, está cometendo genocídio contra palestinos em Gaza”.
Demandas por justiça e fim da violência
O apelo da coalizão de atletas é claro: eles exigem que Israel seja suspenso das competições até que o país cumpra com as normas do direito internacional e ponha fim ao que eles classificam como “matança de civis e fome generalizada”. A carta conclui com uma declaração poderosa: “O esporte não é neutro diante da injustiça. Permanecer em silêncio é aceitar que a vida de alguns vale menos que a de outros”.
Pressões internacionais e a situação atual
A mobilização de atletas surge em meio a pressões de membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU e da Federação Palestina de Futebol, que também têm solicitado medidas semelhantes nas últimas assembleias da FIFA. Apesar das reivindicações, clubes e seleções israelenses continuam ativos em torneios, embora desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, nenhum jogo esteja sendo realizado em território israelense.
Na última quinta-feira, a administração do presidente dos EUA, Donald Trump, reafirmou seu compromisso em trabalhar para impedir qualquer tentativa de banimento de Israel da Copa do Mundo de 2026. Este cenário paradoxal se desenrola em um contexto onde o conflito já resultou, de acordo com autoridades locais, na morte de mais de 60 mil palestinos em Gaza desde o início da ofensiva terrestre israelense.
O futuro do esporte, em meio ao clamor por justiça e paz, é incerto, mas a mobilização dos atletas destaca a crescente interseção entre futebol, política e direitos humanos. Em um momento histórico, a comunidade esportiva é chamada a refletir sobre seu papel e a responsabilidade em face das injustiças globais.