A atriz Berta Loran, que passou para a história do teatro e da televisão brasileira, faleceu aos 99 anos no último domingo (28). Sua trajetória é marcada por experiências intensas e casamentos que trouxeram à tona desafios pessoais significativos. Com um legado distintivo na arte, Berta deixou não apenas uma carreira brilhante, mas também o testemunho de suas lutas e triunfos em um mundo muitas vezes implacável.
Casamentos e dificuldades pessoais
O primeiro casamento de Berta foi com o ator Saul Handfuss, que era 31 anos mais velho. A artista relatou que a relação teve um início promissor, mas logo se transformou em uma fonte de dificuldades. “Era pobre e depois ainda descobri que era viciado em jogo. Nunca me deu nada, nem de comer”, desabafou em uma de suas entrevistas. O casório durou 11 anos, findando em 1961, e foi marcado por duas experiências traumáticas: dois abortos, que impediram Berta de ter filhos e deixaram profundas cicatrizes emocionais.
Berta lembrou, em uma entrevista à Quem em 2011, das barreiras enfrentadas nesse período. “Antigamente, eles enfiavam uma gilete na gente. Não sei como não morri”, revelou, com uma sinceridade que evidencia os desafios enfrentados pelas mulheres na época e a falta de apoio em situações de saúde reprodutiva.
Segunda união e a busca pelo sucesso
Após o fim de seu primeiro casamento, Berta casou-se com Júlio Jacoba, um negociante com quem viveu por 22 anos. No entanto, como ela mesma disse, a felicidade durou apenas os primeiros oito anos. “Depois, fui me afirmando como artista e ele não conseguiu acompanhar”, contou. Para Berta, a carreira sempre foi a prioridade, eclipsando as relações pessoais. “Minha profissão esteve à frente de tudo, inclusive dos dois maridos que tive”, afirmou, evidenciando sua paixão inabalável pelo palco.
A maternidade e seus desafios
Em suas palavras, Berta também expressou a dor e a frustração por não ter podido ser mãe. “Não pude ter filhos. Fiz dois abortos do velho [o primeiro marido]”, desabafou, destacando que, após consultas médicas, foi informado que teria que passar por procedimentos cirúrgicos que a tornariam infértil. Essas experiências deixaram marcas profundas em sua vida pessoal, refletindo o peso das escolhas e desafios enfrentados enquanto tentava equilibrar a vida profissional.
A paixão pelo teatro
Para Berta Loran, o teatro sempre foi mais do que uma carreira; era uma verdadeira paixão, um refúgio e uma forma de expressão. Apesar das dificuldades enfrentadas em seus relacionamentos, o palco foi o lugar onde encontrou realização e um propósito maior. “Paixão eu tinha pelo teatro”, afirmou, ressaltando que essa relação foi mais forte do que qualquer outro vínculo que tenha construído ao longo da vida.
Seu impacto na televisão e no teatro continua vigente, inspirando novas gerações de artistas a perseguirem seus sonhos, apesar das adversidades. A trajetória de Berta Loran, com suas nuances e desafios, é um testemunho do poder da resiliência da mulher e da importância de seguir suas paixões, independentemente do que a vida apresente.
Ao relembrar Berta Loran, é impossível não notar sua coragem e determinação, características que a tornaram uma referência nas artes e um exemplo para muitos. Sua ausência deixa um vazio no cenário artístico brasileiro, mas seu legado perdurará.