No último domingo (28), os incêndios que devastavam a região de São Raimundo Nonato, no Sul do Piauí, foram finalmente controlados. A medida foi possível devido a uma força-tarefa estadual que atuou durante dez dias para combater as chamas. Segundo o coronel Clayton Gomes, gerente de Operações Aéreas da Secretaria de Segurança Pública do Piauí, a área mais afetada foi a Estação Ecológica da Chapada da Serra Branca, nas proximidades dos famosos parques nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões.
Combate aos incêndios e tecnologias usadas
O combate aos incêndios contou com a utilização de um helicóptero da SSP-PI, projetado para auxiliar na luta contra as chamas. “Esse helicóptero capta água, comporta até 540 litros e lança na linha de fogo. Além disso, ajuda a aproximar brigadistas e bombeiros das chamas e a levar equipamentos e mantimentos”, explicou o coronel Gomes ao portal g1. A aeronave oferece uma visão estratégica da operação, permitindo identificar onde podem ser feitas barreiras ou queimas controladas.
Ao todo, 60 brigadistas participaram da ação, que recrutou profissionais de São Raimundo Nonato, Jurema do Piauí e Piracuruca, além do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O Corpo de Bombeiros também contribuiu com a participação de três militares, enquanto o Batalhão de Operações Aéreas da Polícia Militar enviou oito homens para reforçar a equipe de brigadistas. Caminhões-pipa, picapes, tratores, sopradores e motosserras foram utilizados na operação.
Coordenação das ações e avaliação dos danos
As ações em solo foram coordenadas por capitão William Borgea, do Corpo de Bombeiros, com o apoio de Shandallyê Araújo, coordenador de Treinamento de Brigadas Florestais da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semarh). Após o controle das chamas, a Semarh realizará uma avaliação dos danos causados pela queimada e investigações sobre as origens do incêndio estão em andamento pela secretaria e pela Polícia Civil.
Incêndios no Piauí: um problema crescente
Setembro foi um mês crítico para o estado, que registrou mais de 40 mil focos de incêndio, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As cidades mais afetadas foram Uruçuí, Santa Filomena e Baixa Grande do Ribeiro, localizadas na região Sul do Piauí. Durante o fenômeno conhecido como B-R-O Bró, as altas temperaturas, baixa umidade e ventos fortes tornam a vegetação mais suscetível a queimadas.
Embora as condições climáticas contribuam para o aumento das queimas, o diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil do Piauí, Werton Costa, alertou que a origem da maioria dos incêndios é humana. “É importante lembrar: incêndio não é fenômeno natural. O ser humano é responsável por mais de 90% dos casos. Seja por queima de lixo, uso de fogo para limpeza de terrenos ou negligência, quase sempre é ação humana”, enfatizou Costa.
Conclusão
A batalha contra os incêndios na Serra da Capivara é um reflexo do desafio contínuo que o estado do Piauí enfrenta em relação às queimadas. A atuação conjunta de diversas instituições e brigadistas é fundamental para a proteção desse património ambiental único. Espera-se que as investigações sobre as causas dos incêndios contribuam para a elaboração de políticas públicas que visem a prevenção e o combate eficaz às queimadas na região.
Essas ações não apenas ajudam a salvar a fauna e flora local, mas também combatem as consequências destrutivas que os incêndios provocam nas comunidades e no ecossistema como um todo. O que se precisa agora é uma conscientização coletiva sobre a importância da preservação ambiental e as responsabilidades que cada um possui nesse processo.