O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) está prestes a ser indicado para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, e sua trajetória política tem chamado a atenção desde sua derrota na disputa pela prefeitura de São Paulo no ano passado. Boulos tem se mostrado como uma figura proeminente nas mobilizações e enfrentamentos da esquerda, investindo em uma nova estratégia política que reflete uma aproximação mais solidificada com as bases do governo Lula.
Uma mudança de estratégia após a derrota
Durante a corrida municipal de 2024, Boulos buscou distanciar-se da imagem de radical, ajustando seu discurso para cativar eleitores de centro. No entanto, essa estratégia parece ter mudado após sua derrota para Ricardo Nunes (MDB), que foi reeleito. Desde então, Boulos tem adotado um tom mais à esquerda, defendendo pautas importantes como a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e apoiando propostas de suas colegas de partido, como o fim da escala 6×1 apresentada por Erika Hilton (PSOL).
Aproximação com movimentos sociais e grupos mais vulneráveis
Boulos tem investido bastante nas redes sociais e na conexão com segmentos mais pobres da sociedade. Ele tem ampliado suas interações com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e com trabalhadores de aplicativos, que se destacam como um eleitorado relevante para a eleição de 2026. Em junho, ele lançou um vídeo no qual discute a desigualdade entre os entregadores e empresas como o iFood, associando-lhes uma crítica histórica ao apartheid sul-africano e destacando a figura do bilionário Elon Musk.
Críticas contundentes e enfrentamento ao bolsonarismo
Nos últimos meses, Boulos se mostrou ativo também no Congresso, adotando uma postura mais combativa em relação ao governo anterior. Ele intensificou o discurso contra o que chama de “bolsonarismo” e se tornou um defensor da soberania nacional, especialmente em resposta à pressão do governo dos Estados Unidos. Essa postura o posiciona como um adversário constante do discurso conservador que ainda ecoa no Brasil.
Rumores de substituição e críticas à falta de mobilização
Com o surgimento de rumores sobre sua possível substituição a Márcio Macedo no governo, Boulos tem sido um protagonista na articulação política. Márcio Macedo, que ocupa atualmente a Secretaria-Geral, já foi alvo de críticas do presidente Lula pela falta de mobilização em eventos importantes, como o Dia do Trabalho. O ambiente político sugere que a troca pode acontecer a qualquer momento, principalmente se Boulos continuar a se destacar nas mobilizações que têm atraído milhares de pessoas às ruas, como a manifestação contra a PEC da Blindagem na Avenida Paulista.
Possíveis repercussões para 2026
A indicação de Boulos para um cargo ministerial não apenas pode influenciar a dinâmica política atual, mas também preparar o terreno para sua candidatura em 2026. Ao se conectar com movimentos sociais e grupos que representam as classes mais vulneráveis, ele se posiciona como um forte candidato para o futuro, especialmente considerando os desafios que o atual governo enfrenta na busca por apoio popular.
Boulos, em comentários recentes, deixou claro que pretende expandir suas mobilizações e está atento às necessidades dos trabalhadores, fundamentalmente aqueles que se sentem oprimidos pela prática de trabalho informal. Caso a indicação se concretize, o deputado terá a oportunidade de implementar suas propostas diretamente nas políticas governamentais.
Conceitualmente, a ascensão de Boulos pode representar uma guinada no discurso e na prática política da esquerda brasileira. Se conseguir consolidar sua influência em favor da classe trabalhadora e dos mais necessitados, poderá não apenas reinventar a sua imagem, mas também fortalecer a base de apoio do governo Lula para os próximos anos.
Com isso, o cenário político brasileiro continua a evoluir, e a participação de Boulos certamente estará no centro das discussões políticas nos meses e anos vindouros.