Os juros das hipotecas na Argentina atingiram 15%, após uma crise cambial que elevou o custo do crédito e abalou o mercado imobiliário. A turbulência acontece pouco após a tentativa de retomar a normalidade financeira no país.
Impacto no mercado imobiliário argentino
O aumento das taxas de juros e o endurecimento das condições de crédito têm causado forte desaceleração na compra de imóveis na Argentina. Pequenos e médios investidores estão enfrentando dificuldades para obter financiamento, agravando a crise no setor imobiliário.
Cancelamento de financiamentos e resistência dos bancos
Segundo fontes do mercado, bancos como o Banco Ciudad interromperam a concessão de novos financiamentos, enquanto outros bancos triplicaram as taxas hipotecárias. O Banco Nación, maior agente de crédito do país, quase dobrou a pontuação de crédito necessária para aprovar financiamentos, além de cancelar uma viagem a Nova York planejada para emissão de títulos.
Daniel Tillard, presidente do Banco Nación, afirmou que o aumento nas exigências de crédito é temporário e resultado do período eleitoral, estimando que a normalização deve ocorrer em breve.
Contexto político e econômica na Argentina
O líder libertário Javier Milei enfrentou uma forte oposição após a derrota eleitoral na província de Buenos Aires, o que gerou uma fuga de investidores e uma corrida cambial que elevou a taxa de câmbio e dificultou ainda mais o acesso ao crédito imobiliário. A turbulência também elevou o custo financeiro dos empréstimos corporativos e afetou o mercado de ações e títulos.
A crise resultou na suspensão de financiamentos por bancos e na dificuldade de cidadãos comuns, como Florencia, de 33 anos, que teve seu financiamento negado pouco antes de uma aquisição imobiliária. “Ficamos arrasados. Era um projeto de vida para nós”, desabafou a psicóloga, que pediu para não revelar o sobrenome.
Perspectivas econômicas e cenário futuro
Especialistas advertem que a situação deve permanecer instável por alguns meses, com dificuldades para o crédito imobiliário e continuidade da alta nas taxas de juros. Federico Gonzalez Rouco, economista da consultoria Empiria, considera o cenário de curto prazo desafiador, enquanto a expectativa é que a turbulência se estabilize gradualmente.
Apesar das dificuldades, o governo argentino busca estabilizar a economia e retomar o crescimento. No entanto, a crise cambial e o aumento do custo do crédito podem atrasar a recuperação do setor imobiliário e impactar a vida de milhares de argentinos, como concluiu Juan Pablo Rotger, que conseguiu comprar um imóvel com taxa atrativa no ano passado, mas lamenta a curta duração daquela oportunidade.
Para mais detalhes, acesse o fonte original.