Brasil, 27 de setembro de 2025
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Vilarejo do Ceará se torna ‘território-fantasma’ após expulsão de moradores

Conflito entre facções transformou Uiraponga em um local desértico, com o êxodo forçado de famílias e a paralisação de serviços básicos.

No interior do Ceará, um violento conflito entre facções criminosas teve consequências catastróficas para o distrito de Uiraponga, localizado a 167 km de Fortaleza. O que antes era uma comunidade vibrante, com cerca de 300 famílias, tornou-se um “território-fantasma” onde o medo e a insegurança prevalecem. Há mais de dois meses, moradores foram obrigados a abandonar suas casas em um êxodo forçado, e o vilarejo que era caracterizado por sua vida comunitária agora está quase deserto.

O cenário de violência em Uiraponga

Segundo relatos de moradores e informações de um relatório policial, a situação em Uiraponga é resultado de uma disputa brutal entre membros de facções criminosas, em especial o Terceiro Comando Puro (TCP). O criminoso José Witals da Silva Nazário, conhecido como “Playboy”, é apontado como o responsável pela expulsão dos moradores, com a ajuda de seu cúmplice Márcio Jailton da Silva, e em rivalidade com Gilberto de Oliveira Cazuza, que está foragido.

A crescente violência Forçou a prefeitura a reconhecer a situação como “anormal e emergencial”, suspendendo o atendimento em um posto de saúde e transferindo alunos para outras localidades. Até mesmo ações administrativas de urgência foram autorizadas para tentar garantir serviços mínimos à população restante.

Conflito e êxodo forçado

Conforme os moradores, as ameaças por parte dos criminosos começaram em abril de 2023, mas a maioria das famílias hesitou em deixar suas casas. Somente após um confronto armado em julho, onde tiros foram disparados, o temor tomou conta da comunidade. Um morador, que preferiu não se identificar, relatou que diversos moradores foram severamente ameaçados, recebendo mensagens e ligações que exigiam que deixassem o vilarejo.

“Era uma comunidade muito boa de se morar. Antes disso, tínhamos quadrilhas juninas, grupo de teatro e várias festas. Mas tudo mudou rapidamente”, comentou o morador. A gestão pública, ao invés de implementar um plano de ação para conter a violência, disponibilizou apenas um caminhão de mudança para aqueles que decidissem deixar Uiraponga.

A situação atual

Atualmente, o distrito de Uiraponga é sombra do que costumava ser. Com poucos moradores permanecendo e apenas idosos e algumas famílias que não puderam sair, os serviços essenciais como escola e posto de saúde estão comprometidos. “As pessoas querem voltar, mas têm medo do que vão encontrar. A vida aqui está irreconhecível. Fomos abandonados”, desabafou um dos últimos habitantes.

A resposta das autoridades

Em resposta à crescente violência, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará afirmou que operações estão em andamento na região. Desde julho, quando começaram a ser notificadas as ameaças, equipes da Polícia Militar têm realizado operações em busca de mandados de prisão. No entanto, muitos moradores relatam que ainda não se sentem seguros e que os esforços das autoridades são insuficientes para restaurar a paz na comunidade.

Além disso, o Ministério Público do Ceará está monitorando a situação, em cooperação com as forças de segurança para implementar medidas de proteção à comunidade e acompanhar os desenvolvimentos sobre as prisões dos envolvidos. “Estamos comprometidos em garantir a normalidade dos serviços públicos e a volta dos moradores”, afirmaram em nota.

Um chamado à ação

O especialista em sociologia, Raul Thé, enfatiza que a situação em Uiraponga é um reflexo do que muitos outros locais no Ceará enfrentam. Ele defende uma abordagem que vá além da repressão e defenda uma estratégia mais ampla e estruturada para combater a violência. “O estado não pode ser um espectador nas ações criminosas; precisa atuar imediatamente para garantir a segurança e a dignidade da população”, concluiu.

Em um cenário de abandono e desespero, Uiraponga serve como um exemplo dramático da crise de segurança que afeta tantas comunidades no Brasil. O desafio é imenso, e a necessidade de uma resposta eficaz por parte das autoridades se torna mais urgente a cada dia.

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