O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, foi liberado após uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que considerou insuficientes os argumentos para justificar sua prisão preventiva. A decisão foi tomada na última sexta-feira, 26 de setembro, pelo ministro Joel Ilan Paciornik, que enfatizou a fragilidade dos elementos que sustentavam a detenção do artista.
Oruam, que estava detido há 66 dias desde julho, se apresentou voluntariamente à polícia após um confronto em sua residência localizada no Joá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em sua primeira aparição após a liberação, o rapper mostrou-se emocionado e afirmou: “Hoje em dia a favela tem voz”, uma declaração que ressoou entre seus fãs e colegas de cena musical e marcou seu retorno à vida pública.
A decisão do STJ e os detalhes da prisão
O ministro do STJ, Joel Ilan Paciornik, alegou que a quantidade de droga apreendida em posse de Oruam, que totalizava 73 gramas de cocaína, não era suficiente para justificar uma prisão prolongada. Ele observou ainda que Oruam é réu primário e voluntariou-se às autoridades. A decisão do STJ reflete um movimento em direção ao reconhecimento dos direitos dos indivíduos em situações semelhantes, especialmente no que tange à presunção de inocência.
O caso de Oruam começou na madrugada do dia 22 de julho, quando agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes cumpriram um mandado de busca e apreensão em busca de um menor acusado de tráfico de drogas na residência do rapper. Após a prisão do jovem, Oruam e outras sete pessoas teriam reagido, lançando pedras contra os policiais, que foram forçados a se proteger em sua viatura.
Diante desses fatos, o Ministério Público apresentou uma denúncia contra Oruam e seus comparsas por tentativa de homicídio, alegando que eles “assumiram o risco de matar os agentes”. Além da operação na residência, Oruam tinha postado vídeos nas redes sociais instigando a violência contra a polícia e desafiando a presença das autoridades em sua comunidade. Após o incidente, ele permaneceu foragido por algumas horas antes de se entregar à polícia.
Em uma declaração sobre suas ações, Oruam admitiu: “Eu errei. Desculpa aí todo mundo. Vou provar para vocês que não sou bandido. Vou dar a volta por cima e vencer através da minha música.” Ele expressou seu amor pelos fãs e prometeu redimir-se.
Quem é Oruam?
Oruam é um dos novos protagonistas do funk contemporâneo brasileiro, destacando-se pela autenticidade de suas letras e sua conexão com as dificuldades e alegrias da vida nas comunidades. Com apenas 23 anos, ele já conquistou uma vasta audiência nas plataformas de streaming, refletindo o potencial de sua música e sua relevância no cenário musical nacional.
Filho de Marcinho VP, um dos líderes do Comando Vermelho que está preso desde 1996, Oruam cresceu em um ambiente que o distanciou da figura paterna. Isso moldou sua trajetória pessoal e artística, tornando sua história ainda mais impactante em relação ao contexto social que representa. Ao longo de sua carreira, ele tem utilizado sua plataforma para abordar temas relevantes e dar voz à sua comunidade.
A região onde Oruam foi criado, o Complexo da Penha, é marcada por desafios sociais e a atuação do tráfico de drogas, o que torna sua ascensão no mundo da música ainda mais inspiradora. Ao enfrentar os desafios impostos por seu passado, Oruam busca não apenas o sucesso artístico, mas também se posicionar como uma voz de esperança e transformação dentro de sua realidade.
Com sua recente liberação, Oruam espera que a nova fase em sua vida proporcionará novas oportunidades e um renascimento artístico, evidenciando a força da favela e suas vozes.
