Brasil, 27 de setembro de 2025
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Órgão de tubos da Igreja do Embaré é restaurado e volta a tocar após 33 anos

Após três décadas de silêncio, o majestoso órgão de tubos em Santos é reinaugurado, combinando tradição e tecnologia.

Após mais de três décadas de silêncio, o órgão de tubos da Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré, localizado em Santos, SP, voltou a ecoar com seu som majestoso. Com mais de 75 anos de história, o instrumento foi submetido a um projeto de restauro que incluiu não apenas a reforma estética, mas também a automação, permitindo que ele toque “sozinho”. A reinauguração, realizada em junho, durante a missa em homenagem ao Dia de Santo Antônio, marca um importante capítulo na história desse patrimônio religioso.

Um patrimônio histórico em nova fase

Inaugurado em 1949, o órgão de tubos da Igreja do Embaré é uma construção rica em história, originalmente composta por peças de um instrumento importado da Alemanha. Infelizmente, o órgão ficou desativado desde 1992 devido a problemas mecânicos e à deterioração provocada pela falta de uso. Nos anos 2000, sua parte elétrica foi removida durante uma reforma, levando o instrumento a um estado de abandono profundo.

Com o objetivo de revitalizar esse patrimônio, o restaurador Danilo Brás iniciou o trabalho em janeiro de 2023, após uma conversa com o frei Paulo Henrique. Com um investimento de R$ 110 mil, recursos arrecadados durante quermesses e eventos da paróquia foram utilizados para realizar a restauração que durou dois anos e meio.

A tecnologia ao serviço da cultura

O órgão de tubos de 35 m² e dois andares possui 1.317 tubos, dois teclados manuais e uma pedaleira, sendo uma verdadeira obra de arte artesanal. A tecnologia teve um papel fundamental nesse restauro, pois o instrumento agora conta com um sistema de automação que permite seu uso mesmo na ausência de um organista.

Com essa inovação, o órgão pode ser acionado através de um computador que utiliza arquivos MIDI para controlar a abertura das válvulas que liberam o ar para os tubos. Essa automação se revelou essencial, dado o desafio da escassez de músicos capacitados na região. O maestro Mario Tirolli, com 35 anos de experiência, auxiliou na afinação e nos testes de som, utilizando peças musicais de obras clássicas e famosas.

Desafios enfrentados na reforma

A reforma do órgão não foi livre de dificuldades. A falta de materiais disponíveis no Brasil, muitos dos quais precisavam ser importados, obrigou Danilo a fabricar diversos componentes artesanalmente. O restauro envolveu a produção de 1.300 molas de inox e a confecção de tubos de madeira, além da adaptação de outros materiais disponíveis localmente.

Contudo, o principal desafio foi de ordem pessoal. Durante o período de restauração, Danilo enfrentou a tragédia da morte de sua mãe, após ela ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Apesar das dificuldades, ele se manteve firme em sua missão: “Eu só não larguei o órgão porque ela me autorizou”, destacou, emocionado.

Reunião da comunidade em torno do órgão

A reinauguração do órgão trouxe não apenas a volta da música à Igreja do Embaré, mas também une a comunidade em torno da música sacra. A professora de música e tecladista Cátia Radzvilaviez Grande, que atuou nas missas da paróquia, expressou sua emoção ao tocar o órgão pela primeira vez: “Foi emocionante e desafiador. Nunca tinha passado na minha cabeça tocar o órgão de tubos. É muito prazeroso poder ouvir seu som majestoso e delicado”, afirmou.

Com essa revitalização, o órgão se transforma em um espaço de aprendizado, onde outros músicos da comunidade têm a oportunidade de se aventurar na prática do instrumento. “O importante é termos mais músicos utilizando esse instrumento e estou sempre aberta a ensinar”, ressaltou Cátia.

Importância da preservação dos órgãos de tubos no Brasil

De acordo com um estudo da Universidade de São Paulo, o Brasil abriga apenas algumas centenas de órgãos de tubos, muitos deles em estado precário. A manutenção é considerada um desafio devido ao alto custo e à escassez de profissionais qualificados. O órgão da Igreja da Sé, em São Paulo, é um exemplo emblemático, permanecendo inativo por mais de 20 anos devido à deterioração.

A restauração do órgão da Basílica de Santo Antônio do Embaré representa não apenas a preservação de um importante patrimônio cultural, mas também um gesto de esperança para que outros instrumentos históricos também sejam redescobertos e revitalizados. Assim, essa história nos mostra que, mesmo em tempos difíceis, é possível resgatar a tradição e a arte com amor e determinação.

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