Brasil, 27 de setembro de 2025
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João Paulo I: A virtude da prudência e seu legado

O legado de João Paulo I destaca a importância da prudência como virtude cardeal em sua liderança e suas mensagens de paz.

Em um dia marcado pela tristeza, mas também pela reflexão sobre as virtudes, recordamos João Paulo I, que nos deixou há 47 anos. Encontrado em seu quarto, segurando um escrito sobre a prudência, o Papa nos deixou um legado inspirador sobre a virtude que é fundamental para a governança e a vida cristã. As suas reflexões mostram o caminho da liderança pautada pela prudência, um tema que moldou não apenas o seu papado, mas também suas mensagens de paz e compromisso com a humanidade.

A prudência como virtude essencial

João Paulo I, conhecido por sua eloquência e sabedoria, descreveu a prudência como a “mãe de todas as virtudes”. Em seus escritos, ele argumentava que essa virtude é indispensável para aqueles que ocupam posições de liderança. A prudência, segundo ele, é a capacidade de discernir e agir com sabedoria em diferentes circunstâncias, auxiliada por outras virtudes como a docilidade e a circunspecção. Ao longo de sua breve, mas significativa, trajetória no papado, ele sempre buscou reforçar a importância de viver de acordo com os valores cristãos.

As “Sete lâmpadas” da vida cristã

O Papa pretendia compartilhar com os fiéis um programa que seguisse o caminho das “Sete lâmpadas” da vida cristã: as virtudes teologais da fé, esperança e caridade, juntamente com as quatro virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Este programa foi registrado nas anotações que legou à Fundação Vaticana João Paulo I, onde se pode perceber sua preocupação em orientar o rebanho cristão em tempos conturbados.

Influência acadêmica e reflexão sobre a prudência

Em adição ao seu ministério pastoral, João Paulo I teve um forte compromisso com a educação e a pesquisa. Em 1975, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Santa Maria, no Brasil, em reconhecimento à sua reflexão sobre a prudência. Em seus escritos, ele não apenas discorreu sobre a importância da prudência; ele a humanizou, trazendo figuras ilustres da história e, utilizando o diálogo, reforçou como a prudência pode ser aplicada à vida cotidiana e nas decisões governamentais.

A virtude em ação

Um dos pontos mais significativos de sua reflexão é que a prudência não deve ser confundida com passividade. O Papa, através de sua própria experiência, enfatizava que a verdadeira prudência é um motor que impulsiona à ação. Ele se opôs à ideia de que ser prudente é evitar riscos; ao contrário, ser prudente é agir com coragem e determinação quando necessário, buscando sempre o bem comum e refletindo sobre as consequências de suas ações.

Compromisso com a paz

Um exemplo claro de sua prudência em ação foi no papel que desempenhou nas negociações de paz em Camp David, em 1978. João Paulo I manifestou apoio ao diálogo entre os líderes do Oriente Médio, redigindo uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, destacando a importância da paz e da colaboração em favor de um futuro menos conflituoso. Este gesto é um testemunho de como a prudência e a liderança podem se entrelaçar para promover a paz mundial.

O legado de João Paulo I na busca pela paz

As palavras do Papa, em seu histórico discurso Urbi et Orbi, continuam a ressoar com vigor. Ele clamava por iniciativas que promovam a paz, chamando todos para colaborar na construção de um mundo melhor. Na certeza de que a prudência é uma virtude que deve ser exercida constantemente, ele inspirou gerações a se empenhar pela justiça e pelos valores cristãos, mesmo frente a desafios imensos.

João Paulo I nos ensina que cada virtude, especialmente a prudência, é crucial para uma liderança que impacta positivamente não apenas os fiéis, mas toda a sociedade. Sua mensagem permanece atemporal, convidando todos a reflexões profundas sobre como agir com responsabilidade e discernimento em tempos que exigem coragem e sabedoria.

*Stefania Falasca, postuladora da causa de canonização do Papa João Paulo I.

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