A política pró-vida Anna Záborská, de 77 anos, faleceu no dia 20 de agosto de 2025, deixando uma marca profunda na política eslovaca e europeia. Conhecida por sua defesa inabalável dos valores familiares, liberdade religiosa e direitos dos não nascidos, ela conquistou respeito mesmo entre seus opositores por sua coerência e integridade.
Origem e formação familiar
Nascida na Suíça em 1948, Záborská era filha de Anton Neuwirth, que trabalhou ao lado do químico Nobel Paul Karrer. Depois que a família retornou à Tchecoslováquia, seu pai foi preso político sob o regime comunista. Após a queda do comunismo, Neuwirth tornou-se o primeiro embaixador da Slovak Republic junto à Santa Sé, marcando sua trajetória de serviço público.
Carreira política e atuação pública
Inspirada pelo exemplo do pai na medicina e na política, Záborská construiu uma carreira distinta, atuando no Parlamento eslovaco e na União Europeia. Ela presidiu a Comissão de Direitos das Mulheres e Igualdade de Gênero no Parlamento Europeu e, posteriormente, retornou à política eslovaca, ampliando seu compromisso com a liberdade de religião.
Em 2021, foi nomeada por Slovakia como representante do governo na defesa da liberdade religiosa, cargo criado para enfrentar violações globais a esses direitos. A nomeação ocorreu poucos dias antes da visita do Papa Francisco ao país. Essa função foi extinta em 2023, mas seu legado permanece.
Convicções e luta por valores
Záborská dedicou sua vida à defesa da causa pró-vida, valorização da família e liberdade religiosa. Frequentemente, falou sobre os direitos das mulheres grávidas e dos não nascidos, além de apoiar direitos de mulheres em países como o Irã. Sua luta era marcada por uma forte ligação entre sua fé e suas ações públicas, muitas vezes comparando as injustiças atuais às opressões do comunismo, que tanto impactaram sua história familiar.
Ela destacou que alguns colegas no Parlamento usaram acusações semelhantes às que seu pai enfrentou, rotulando-a injustamente de “espió da Santa Sé”, uma memória que ela levava com pesar, visto como uma luta contra o secularismo radical.

Visão sobre a crise na Europa
Há vinte anos, na ocasião de uma conferência em Roma, Záborská alertou para uma profunda crise na civilização europeia, relacionada à perda de fé em Deus e ao enfraquecimento dos valores familiares. Apesar das dificuldades, ela acreditava que a Igreja, apoiada pela diplomacia paciente do Vaticano, poderia ajudar a superar esses desafios, sempre defendendo a esperança de uma Europa forte na fé.
Embora sua postura tenha gerado críticas de setores extremistas e feministas radicais, sua integridade foi reconhecida por aliados e pela sociedade, que admiraram sua postura consistente ao longo de décadas, especialmente por sua transparência e autenticidade.
Legado e impacto humanitário
Além de sua atuação política, Záborská demonstrou seu compromisso com os valores em ações concretas, doando parte significativa de seu salário parlamentar a causas sociais, especialmente voltadas ao apoio às mulheres e à formação de jovens intelectuais católicos.
O arcebispo Bernard Bober destaca que ela foi uma mulher de coração aberto, capaz de unir pessoas com sua gentileza e fé. Ele ressaltou que sua vida era uma expressão prática de sua religião, refletida em sua dedicação ao serviço e à esperança de um mundo melhor.
Seu exemplo de fidelidade, humildade e serviço continua inspirando aqueles que lutam por uma sociedade mais justa e fundamentada na ética cristã.