Nos últimos anos, a adoção de crianças em Mogi das Cruzes tem enfrentado desafios significativos, especialmente quando se trata de crianças na faixa etária de 12 a 15 anos. Muitas vezes, esses jovens permanecem em abrigos por longos períodos devido à combinação de expectativas dos pretendentes e a realidade das crianças que estão disponíveis para adoção.
A disparidade entre expectativa e realidade
As palavras de uma especialista na área ilustram a situação: “Nem todas as crianças abrigadas estão juridicamente disponíveis para adoção, porque muitas ainda têm vínculos familiares em análise ou processos judiciais pendentes.” Isso significa que, embora haja um alto número de crianças em abrigos, muitas delas não podem ser adotadas imediatamente devido a complicações legais e familiares.
Esse cenário é agravado pelo perfil desejado por muitos pretendentes que, normalmente, procuram bebês ou crianças até 5 anos. A realidade, no entanto, é que muitas crianças aptas para adoção são mais velhas, fazem parte de grupos de irmãos, ou enfrentam problemas de saúde. “Ou seja, o número de pretendentes é alto, mas o perfil buscado nem sempre coincide com a realidade”, complementa a especialista. Essa discrepância entre o que os adotantes buscam e o que está disponível contribui para o número reduzido de adoções em Mogi das Cruzes.
O impacto da falta de adoções em crianças mais velhas
O fato de que apenas uma adoção de uma criança entre 12 e 15 anos foi registrada em um ano e meio na cidade é preocupante. Essas crianças frequentemente enfrentam dificuldades emocionais e psicológicas devido à incerteza de suas situações. Muitos adolescentes em situação de abrigo já viveram experiências traumáticas que aumentam a necessidade de um ambiente familiar estável e acolhedor.
Além disso, a ausência de adoções impacta diretamente na saúde mental e no desenvolvimento dessas crianças. A permanência em abrigos pode, em certos casos, gerar sentimentos de desamparo e rejeição, que se intensificam à medida que envelhecem. Portanto, é crucial que tanto a sociedade quanto os órgãos competentes trabalhem em conjunto para criar condições que promovam a adoção de crianças mais velhas e a permanência dentro de um ambiente familiar.
Iniciativas para sensibilização e mudança
Diante desse cenário desafiador, várias iniciativas estão sendo propostas para sensibilizar a população sobre a importância da adoção de crianças mais velhas. Campanhas de mídia, palestras em escolas e eventos comunitários são algumas das formas de conscientizar as pessoas sobre a realidade que muitas dessas crianças enfrentam. Além disso, programas de apoio psicológico e social têm sido implementados para preparar tanto as famílias adotivas quanto os adolescentes que estão em busca de um novo lar.
É fundamental mudar a percepção de que criar filhos mais velhos traz mais desafios do que recompensas. Muitas famílias adotivas que optam por crianças nessa faixa etária têm relatos positivos, destacando o amor e a conexão que se estabelecem, mesmo que a relação exija um tempo maior de adaptação.
O papel da sociedade na mudança dessa realidade
A sociedade desempenha um papel vital na mudança dessa realidade. A adoção responsável e a acolhida de crianças mais velhas podem transformar não apenas a vida dos jovens, mas também a dos adotantes. A troca de experiências e vivências pode resultar em laços profundos, fortalecendo as relações familiares e diminuindo o estigma associado à adoção de crianças mais velhas.
Em suma, é urgente que a comunidade de Mogi das Cruzes se mobilize para alterar essa dinâmica. Facilitar o atendimento à demanda por adoções, implementar políticas públicas que priorizem a inclusão desses jovens no convívio familiar e trabalhar na quebra de estigmas são passos importantes para que mais crianças possam ter a chance de uma família amorosa e acolhedora.
As instituições relacionadas à adoção, juntamente com a sociedade civil, devem continuar a trabalhar para promover essa causa, garantindo que as crianças mais velhas também tenham oportunidade de viver em um lar seguro e afetivo, onde possam se desenvolver plenamente.