O clima em audiências públicas nem sempre é de harmonia e respeito, e um episódio recente em Ubatuba, no litoral paulista, ilustra bem essa dinâmica. O vereador Rogério Frediani, membro do PL, protagonizou um incidente polêmico ao mandar uma moradora da cidade “calar a boca”, questionando sua participação em um debate sobre a construção de um hospital na localidade.
O incidente durante a audiência pública
O episódio aconteceu na noite da última quinta-feira, durante uma reunião que abordava questões importantes para a comunidade, incluindo a proposta da prefeita Flávia Pascoal (PL) de solicitar um empréstimo de R$ 170 milhões. A ideia da prefeita é utilizar esse valor para a construção de uma nova unidade de saúde e a pavimentação das vias do município.
De acordo com informações, o vereador Frediani foi interrompido durante sua fala e respondeu de maneira ríspida à moradora. A transmissão ao vivo da audiência pelo YouTube não permitiu identificar o que foi dito por ela, mas a reação do vereador foi contundente:
— Ô minha filha, senta aí. Fica quieta. Você já latiu muito. Cala a boca.
Reações e intervenções na audiência
O presidente da Câmara Municipal de Ubatuba, Gady Gonzales (MDV), interveio imediatamente na situação. Ele, percebendo o clima tenso que se instaurou após a fala do vereador, pediu a Frediani que cortasse o tom agressivo e se dirigiu ao público:
— Corte o microfone. Cala a boca é demais, Rogério. Por gentileza. Pessoal, respeitem o vereador, e respeitem o público também, Rogério, não fala cala a boca, por gentileza. Pessoal, respirem, só um minuto antes de você continuar, Rogério.
Essa intervenção por parte do presidente da Câmara foi um alívio para muitos presentes, que aguardavam uma condução respeitosa do debate. A audiência continuou, mas o clima de desconforto já havia se instalado entre os participantes.
A importância da civilidade no debate público
Incidentes como o de Ubatuba levantam questões importantes sobre a civilidade e o respeito nas discussões públicas. A função dos vereadores e representantes públicos é, em última instância, ouvir e atender às demandas da população. Quando se perde esse respeito mútuo, a confiança nas instituições e nos representantes pode ser seriamente comprometida.
Além disso, é essencial que tais comportamentos sejam notados e discutidos, para que a população esteja atenta à postura dos seus representantes e possa exigir mudanças em suas condutas. O episódio deve servir como um alerta para todos os envolvidos com a política local, sinalizando que o diálogo respeitoso é um pilar fundamental para a democracia.
Vereador não se pronuncia após o ocorrido
Após o término da audiência, o GLOBO buscou um posicionamento do vereador Rogério Frediani sobre sua conduta, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. A ausência de uma resposta pode ser interpretada como uma falta de reconhecimento do erro, o que pode gerar ainda mais descontentamento entre os cidadãos de Ubatuba.
Esse tipo de episódio pode ser uma oportunidade para refletir sobre a necessidade de formação e capacitação para os nossos representantes, visando não apenas o entendimento das demandas populares, mas também uma postura que promova o respeito e a inclusão de todas as vozes na discussão. Afinal, o papel de um vereador vai muito além de legislar; é também uma constante prática de escuta ativa e respeito às opiniões divergentes.
O caso de Rogério Frediani é mais um convite à reflexão sobre o que esperamos de nossos representantes e como devemos atuar para garantir que todos tenham voz e vez nas esferas políticas. A cidade de Ubatuba, assim como tantas outras, merece um debate público que valorize a civilidade e o respeito mútuo.
É fundamental que a população continue engajada e participativa nas decisões que impactam suas vidas, exigindo comportamentos adequados de seus representantes e promovendo um ambiente de diálogo aberto e respeitoso.