A sessão desta sexta-feira (26) na B3 foi marcada por alta nas ações da Azul (AZUL4) e da GOL (GOLL54), após a confirmação do encerramento das negociações de fusão entre as companhias aéreas. O anúncio foi feito na noite de quinta-feira (25) pela Abra Group, controladora da GOL, encerrando o memorando de entendimentos iniciado em janeiro deste ano.
Motivos e impactos do fim das negociações
A fusão, que Prometia consolidar cerca de 60% do mercado aéreo brasileiro, não avançou devido à recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos (Chapter 11). Além disso, a GOL solicitou a rescisão do acordo de codeshare firmado em maio de 2024, que possibilitava integração de malhas aéreas e venda cruzada de passagens.
Segundo a Azul, todos os bilhetes emitidos sob o acordo serão honrados. Caso a fusão tivesse se concretizado, as marcas seriam mantidas, contribuindo para uma maior participação no mercado nacional.
Reação do mercado e resultados das ações
Na B3, as ações da Azul tiveram uma variação entre 11% e 22% durante o pregão, fechando com alta de 17,14%, ao cotar-se a R$ 1,23. Os papéis da GOL também subiram, encerrando o dia em R$ 5,95, alta de 5,31%.
O volume de negócios também aumentou, sendo o dobro para a GOL e 60% maior para a Azul em comparação ao dia anterior, refletindo maior interesse dos investidores.
Críticas e análises regulatórias
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) havia estabelecido um prazo de 30 dias, em setembro, para analisar o possível impacto antitruste da fusão, investigando sobreposições que poderiam afetar a concorrência. O presidente do CADE, Gustavo Augusto, criticou anúncios prematuros de fusões sem o devido preparo regulatório.
O ministro Silvio Costa Filho (Republicanos), dos Portos e Aeroportos, destacou que a decisão reforça a saúde do setor aéreo brasileiro, além de favorecer o turismo e a conectividade.
Análise de especialistas e perspectivas futuras
Leonardo Ramos, economista do Portal iG, explicou que a alta nas ações reflete um alívio de risco no mercado, pois, durante as negociações, os papéis sofreram com a incerteza regulatória e problemasdo Chapter 11. Com o encerramento, o mercado revaloriza as companhias de forma independente, focando em sua eficiência e potencial de crescimento.
Segundo ele, o movimento também indica uma maior maturidade do mercado aéreo no Brasil, onde a autonomia das empresas pode estimular competição saudável e retornos mais sustentáveis. Ramos ressaltou que a retirada das riscos regulatórios permite uma reavaliação do valor real de Azul e GOL, com foco em dividendos futuros e recuperação setorial.
Para investidores, o anúncio sinaliza oportunidades baseado na realocação de fluxo de capital de especuladores de curto prazo para investidores de valor, que apostam em sustentabilidade e crescimento a longo prazo.
A reportagem completa está disponível em Portal iG.