O clima político entre os integrantes da direita brasileira se intensificou nesta sexta-feira, quando o blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo deu resposta a uma convocação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) por “bom senso” e pela unificação do campo político da direita. Figueiredo, em uma postagem no X (antigo Twitter), concordou com Nogueira, mas aproveitou a oportunidade para defender a pauta da anistia ampla, geral e irrestrita para aqueles envolvidos na trama golpista, sugerindo que essa poderia ser uma solução para a tensão diplomática com os Estados Unidos.
A crise diplomática e suas repercussões
A declaração de Nogueira surge em um contexto onde a narrativa em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua eventual inelegibilidade está em alta. No início da semana, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou suas intenções de candidatar-se à Presidência em 2026, caso seu pai não possa concorrer devido a questões legais. Para Nogueira, a falta de “bom senso” na direita é preocupante, e ele convocou seus congêneres a se unirem para evitar perder uma eleição que considera já ganha.
“Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez”, postou Nogueira em suas redes sociais.
Reação de Figueiredo e as divergências dentro da direita
Em resposta, Figueiredo questionou o senador sobre a viabilidade de acordos políticos, insinuando que existe uma desconfiança crescente quanto ao establishment. Ele afirmou: “Que tem velhaco que não entendeu que a crise diplomática com os EUA só tem fim com anistia ampla, geral e irrestrita? É gente sem noção…”
Nogueira, por sua vez, reconheceu o direito ao posicionamento de Figueiredo, mas reiterou sua preocupação com a situação do ex-presidente Bolsonaro, que pode enfrentar uma longa pena de 27 anos e três meses. “Como político com responsabilidade perante a História, tenho duas grandes preocupações”, comentou Nogueira, referindo-se ao impacto das tensões políticas e à saúde de Bolsonaro.
As propostas de anistia em discussão
No cenário legislativo, a anistia vem sendo uma pauta de debate acalorado. Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que é relator de uma proposta sobre o tema na Câmara, busca apoio para uma alternativa que, em vez de uma anistia ampla, oferecería uma redução de penas específicas, visando facilitar a liberação dos detidos durante os eventos de 8 de janeiro de 2023. Segundo Paulinho, sua proposta “tiraria da cadeia” os envolvidos nos protestos, ao mesmo tempo que também beneficiaria Bolsonaro.
O relator esclareceu que sua proposta não incluiria crimes de golpe de Estado e focaria em outras infrações, como danos a patrimônio público. Em conversas com o MDB e o Republicanos, Paulinho constatou que a maioria dos parlamentares apoia essa ideia de redução de penas, uma medida que poderia apaziguar as tensões internas.
Eduardo Bolsonaro e a busca por protagonismo
No centro desse embate ideológico, Eduardo Bolsonaro continua a se posicionar como uma figura central da direita, enfrentando o Judiciário e se afirmando como candidato em 2026. Ele acredita que está sendo alvo de uma campanha para torná-lo inelegível e, por isso, busca reforçar a relevância política da família Bolsonaro. “Eu sou, na impossibilidade de Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República”, afirmou Eduardo.
Enquanto isso, Nogueira e outros membros do centrão visam fortalecer a figura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), como uma alternativa viável e competitiva em um campo político que busca se reerguer.
As recentes trocas de farpas entre os diferentes setores da direita brasileira revelam uma luta interna por espaço e poder, enquanto a questão da anistia pontua um debate essencial sobre a necessidade de unificação e estratégia eleitoral para 2026. O próximo capítulo desse embate promete ser ainda mais dinâmico à medida que a eleição se aproxima.
