Trabalhadores da unidade da Foxconn em Zhengzhou enfrentaram condições extremamente difíceis durante a produção do iPhone 17, de março a setembro deste ano, segundo um relatório do China Labor Watch divulgado nesta semana. A fábrica, responsável por grande parte da fabricação do aparelho, empregou entre 150 mil e 200 mil funcionários, com mais da metade deles na condição de temporários, ultrapassando o limite legal na China.
Condições de trabalho sob escrutínio
O documento denuncia longas jornadas de trabalho, com média de 60 a 75 horas semanais — bem acima do máximo legal chinês e do limite de 60 horas estabelecido pela Apple. Além disso, há relatos de turnos noturnos obrigatórios, retenção salarial e práticas de trabalho que violam a legislação local. A investigação também aponta que a estrutura salarial da Foxconn, que retém uma parcela dos salários para pagamento no mês seguinte, prejudica trabalhadores que solicitam a demissão antes de uma data limite, deixando-os sem pagamento de horas extras.
Reação da Apple e alternativas na cadeia de suprimentos
A Apple declarou estar “firmemente comprometida com os mais altos padrões de trabalho, direitos humanos e conduta ética”. Em nota, afirmou que realiza auditorias terceirizadas regularmente e que, diante de quaisquer problemas, age rapidamente para manter seus altos padrões. A companhia também revelou que, no ano passado, realizou mais de 1.500 auditorias e entrevistou mais de 74 mil funcionários de fornecedores, com nove das principais violações relacionadas à falsificação de dados de horas trabalhadas.
Investigação e impacto na cadeia de produção
O China Labor Watch criticou duramente a Foxconn por utilizar uma grande porcentagem de trabalhadores temporários — mais de 50%, cinco vezes acima do limite legal — e apontou condições de trabalho que envolvem pressão e intimidação constantes na unidade de Zhengzhou, considerada a “cidade do iPhone”. Vigilância, ameaças e divulgação de informações pessoais foram relatadas como formas de repressão a funcionários que reclamavam de suas condições.
Apesar da piora em alguns aspectos, o relatório indica que houve leve redução nas horas extras em comparação com 2019, quando os funcionários trabalhavam, em média, de 100 a 130 horas por mês na alta temporada. Importante destacar que, atualmente, não há registros de trabalhadores menores de idade na unidade, diferentemente de ocorrências anteriores.
Diversificação e perspectivas futuras
Embora Zhengzhou continue sendo o centro global da produção do iPhone, a Apple vem diversificando sua cadeia de fabricação. No início deste ano, ampliou a produção na Índia, como parte de uma estratégia para reduzir dependência da China e mitigar o impacto de tarifas comerciais. A situação na Foxconn evidencia a necessidade de uma maior fiscalização e melhorias nas condições de trabalho em toda a cadeia de suprimentos.
A organização China Labor Watch e entidades internacionais continuam cobrando transparência e ações efetivas das empresas para garantir direitos básicos e condições dignas aos trabalhadores na indústria tecnológica.