Nesta sexta-feira (26), o dólar iniciou a sessão em baixa, recuando 0,16%, para R$ 5,3553, enquanto o mercado aguarda novos indicadores de inflação nos Estados Unidos. A valorização ou desvalorização da moeda americana influencia o custo de bens importados, a inflação doméstica e o poder de compra do brasileiro.
Fatores que influenciam a variação do dólar
A recente alta do dólar, acumulada em 0,81% na semana, reforça a sensibilidade da moeda aos dados econômicos dos EUA. Indicadores mais fortes do que o esperado, como o crescimento do PIB de 3,8% no segundo trimestre, fizeram o dólar disparar frente a outras divisas, elevando os preços das importações e pressionando a inflação doméstica.
De acordo com Gustavo de Oliveira, especialista em economia, a forte relação entre o dólar e o câmbio brasileiro decorre da dependência do país de produtos importados e de fatores externos, como a política monetária dos EUA. “Quando há expectativa de alta dos juros americanos, o dólar tende a se valorizar, encarecendo bens e serviços importados no Brasil”, explica.
Impacto na inflação e no custo de vida
O relatório de política monetária do Banco Central revelou uma projeção de crescimento do PIB brasileiro mais moderada, de 2% em 2025, e de 1,5% para o próximo ano, o que indica uma economia com ritmo lento de expansão. Nesse cenário, a estabilidade do dólar ajuda a conter pressões inflacionárias, tornando o custo de vida mais equilibrado.
O IPCA-15, que mede a inflação oficial, subiu 0,48% em setembro, abaixo das expectativas, com destaque para o aumento da tarifa de energia elétrica. Segundo Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, a desaceleração da inflação reforça a tendência de menor impacto do dólar nos preços ao consumidor nas próximas semanas, o que pode promover cortes na taxa de juros em 2024.
Como o mercado americano influencia o dólar
Dados divulgados nos EUA apontaram um crescimento do PIB acima do esperado e melhora na criação de empregos, o que fortalece a moeda americana. Ainda assim, o Federal Reserve mantém juros elevados, elevando a atração pelos títulos do governo dos EUA e sustendo a valorização do dólar.
Assim, uma eventual queda do dólar pode ajudar a reduzir os custos de importação, aliviar a inflação e diminuir as pressões sobre o orçamento das famílias. Por outro lado, uma alta do dólar encarece os produtos importados, como eletrônicos, combustíveis e alimentos, impactando diretamente o bolso do consumidor.
Consequências para o consumidor brasileiro
Para o cidadão, a variação cambial significa mudanças no valor de itens do dia a dia. Quando o dólar sobe, o preço de produtos eletrônicos, roupas importadas e combustíveis tendem a aumentar, elevando a inflação de bens essenciais.
Por outro lado, uma moeda mais fraca pode favorecer alguns setores exportadores e estimular o crescimento econômico. Gustavo de Oliveira reforça que a estabilidade do câmbio é fundamental para manter a inflação sob controle e garantir a previsibilidade dos preços.
Perspectivas para 2024
O mercado monitora os próximos indicadores dos EUA, como o índice de preços ao produtor (PPI) e o índice de preços ao consumidor (CPI), para prever os movimentos do dólar. A expectativa é que, com a redução das tensões externas, o dólar possa permanecer estável ou recuar levemente ao longo do ano, beneficiando o bolso do brasileiro.
Enquanto isso, o Banco Central mantém a faixa de juros em nível elevado, buscando equilibrar crescimento econômico e controle inflacionário, fatores que também influenciam a cotação do dólar no mercado internacional.