O Banco Central da Argentina anunciou nesta sexta-feira (26) a retomada de restrições no mercado de câmbio, buscando coibir o fenômeno conhecido como “rulo” e fortalecer as reservas do país. A medida proíbe que pessoas físicas vendam dólares adquiridos no mercado oficial no mercado financeiro, ampliando o controle cambial à véspera das eleições de outubro.
Em que consiste a medida?
A decisão cria uma “restrição cruzada” na troca de moedas, estipulando que quem comprar dólares pelo câmbio oficial, por exemplo, não poderá revendê-los nas plataformas financeiras, como o Central Bank Liquidation (CCL) ou o Mercado de Exchange (MEP), durante um período de 90 dias. Essa regra busca evitar operações de especulação que pressionam as reservas do Banco Central argentino, que atualmente soma cerca de US$ 39 bilhões.
Por que o governo tomou essa medida?
O objetivo do governo é eliminar a prática do “rulo”, uma espécie de esquema de especulação que se aproveitava da diferença de preços entre o dólar oficial e o dólar financeiro para obter lucro rápido. Com a recente derrota nas eleições legislativas de Buenos Aires, a tensão financeira aumentou, levando o peso argentino a uma fase de instabilidade e queda das reservas.
Segundo Federico Furiase, diretor do Banco Central da Argentina, a regra não impede que indivíduos comprem dólares, mas busca impedir que esses dólares sejam utilizados para especulação no mercado financeiro. “A medida visa evitar distorções e proteger as reservas do Banco Central”, afirmou.
Qual o impacto no mercado e nas reservas?
Com a restrição, espera-se que a cotação do dólar paralelo continue aumentando, ampliando a diferença entre o câmbio oficial e o mercado financeiro. Ao mesmo tempo, a medida deve ajudar a conter a saída de reservas, que já estão sob forte pressão devido ao contexto político e econômico.
De acordo com estimativas da consultoria EcoGo, as reservas disponíveis do Banco Central de imediato totalizam aproximadamente US$ 17,5 bilhões, após descontar compromissos e depósitos privados. A restrição, portanto, deve limitar ainda mais a liquidez no mercado de dólares, estabilizando o câmbio oficial.
Outros apoios internacionais e medidas adicionais
Para reforçar sua posição, o governo argentino também anunciou que contará com US$ 8 bilhões antecipados do Banco Mundial e do BID, além de liberar US$ 7 bilhões de exportações agrícolas sem impostos, de modo a ampliar a oferta de dólares no país.
Embora mantenha o discurso de “liberdade econômica”, a Argentina voltou a impor controles cambiais temporários. A iniciativa visa evitar uma crise mais aguda até as eleições e proteger a estabilidade de suas reservas financeiras.
Perspectivas futuras e desafios
Especialistas avaliam que a nova restrição deve aumentar a volatilidade do dólar paralelo e dificultar operações de especulação, mas também podem afetar a confiança dos investidores e cidadãos. A estratégia do governo aponta para um esforço de curto prazo para evitar um colapso cambial, enquanto negocia apoio financeiro externo.
Para saber mais sobre o cenário econômico argentino, acesse o análise completa nesta reportagem.