Na manhã deste domingo (28), a americana Catherine Miles-Flynn, mãe de oito filhos, receberá oficialmente o ministério de catequista em cerimônia no Vaticano durante o Jubileu dos Catequistas. Ela há quase 30 anos atua na formação da fé católica na Península Arábica, sobretudo em Abu Dhabi, onde exerce o cargo de diretora de formação cristã para o Vicariato Apostólico do Sul da Arábia.
Foi uma longa caminhada de dedicação à fé na região do Golfo
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (26), Miles-Flynn destacou a vitalidade da Igreja em Abu Dhabi, onde as missas diárias frequentemente contam com as lotações completas. Segundo ela, “as igrejas estão sempre cheias, e para assistir a uma missa à noite numa quarta-feira, é preciso chegar cedo”.
Ela também comentou sobre a diversidade linguística da comunidade, que conta com mais de 100 mil fiéis estrangeiros. “As missas são oferecidas em várias línguas, incluindo árabe, inglês, francês, malayalam, urdu, tâmil, alemão, italiano, coreano e ucraniano,” afirmou.
O ministério do catequista e sua importância na Igreja do Oriente Médio
O Papa Leo XIV instituiu oficialmente o ministério de catequista em 2021, reconhecendo-o como uma vocação vitalícia de ensinar a fé. Milhares de catequistas de diferentes países — incluindo Brasil, Índia, Moçambique, Coreia, Inglaterra — receberão, neste domingo, a bênção papal e o crucifixo como símbolo de sua missão.
Catherine Miles-Flynn expressou sua gratidão ao aceitar o ministério. “Aceito com humildade e gratidão, representando mais de 3.600 catequistas no Emirados Árabes Unidos, de pelo menos 80 nacionalidades,” declarou.
Desafios e a fé na região
O vicariato, que abrange Emirados Árabes, Omã e Iêmen, possui quase 3.800 catequistas, apesar de contar com menos de 100 sacerdotes. Miles-Flynn destacou a importância do papel dessas lideranças na transmissão da fé, sobretudo em um cenário de crescente demanda por formação religiosa “de berço até a morte”.
Ela também recordou suas experiências pessoais, como a primeira noite de Natal em Abu Dhabi, quando muçulmanos próximos à igreja desejaram “Feliz Natal”. Durante a visita do Papa Francisco, em 2019, autoridades permitiram que famílias emiradenses participassem da missa papal, uma demonstração do espaço de liberdade religiosa na região.
O bispo Paolo Martinelli, vicariato apostólico do Sul da Arábia, reforçou que, apesar das dificuldades, há liberdade para celebrar missas e catequese nos Emirados e Omã. Contudo, no Iêmen, após uma década de guerra civil e o assassinato de Missionários de Caridade, a situação comunidade católica é extremamente delicada.
Um povo de fé em meio ao deserto
Martinelli destacou que a Igreja no Golfo é “singular”, composta por aproximadamente 1 milhão de católicos de diversas origens. “Nunca devemos dar a fé como garantida, é necessário sempre aprofundar a nossa caminhada,” afirmou.
Ele agradeceu o trabalho dos catequistas, que considera pilares essenciais da Igreja. “Pais têm o papel primordial de transmitir a fé às novas gerações,” acrescentou. O bispo também ressaltou a tradição de pessoas dedicadas à comunicação da fé no âmbito familiar e comunitário.
(Fonte: Catholic News Agency)