As ações da Azul chegaram a subir mais de 20% na bolsa nesta sexta-feira, após a controladora da Gol, Abra, informar ao mercado a decisão de encerrar as negociações para uma possível fusão com a empresa concorrente. Na máxima do dia, os papéis da Azul atingiram valorização de 22%, negociados a R$ 1,28.
Gol também opera em alta e volta ao mercado
As ações da Gol, que também haviam sido impactadas positivamente, operavam em alta e chegaram a valorizar 10% na manhã desta sexta-feira. A oscilação provocou a ativação de um leilão, mecanismo utilizado quando há ofertas excessivamente discrepantes do preço negociado, refletindo a expectativa de novos cenários no setor.
Volume negociado e reação do mercado
O volume financeiro — calculado pelo preço da ação multiplicado pela quantidade de negócios — ultrapassou o total negociado na quinta-feira para ambos os papéis. Enquanto as ações da Gol tiveram o volume dobrado, os papéis da Azul negociaram cerca de 60% do movimentado ontem.
Análise do setor e influência do processo judicial
Para o analista de transporte da Genial Investimentos, Ygor Bastos, a decisão de desistir da fusão reflete as dificuldades no avanço de operações do setor aéreo, especialmente diante do processo de Chapter 11 da Azul nos EUA, que equivale à recuperação judicial no Brasil. “A cautela pode também estar relacionada à possibilidade de o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) rejeitar o acordo de codeshare entre as empresas,” afirmou Bastos em relatório divulgado nesta manhã.
Acordo de compartilhamento de voos e cenário regulatório
No início de setembro, o Cade estipulou um prazo de 30 dias para que Gol e Azul notificassem o órgão sobre o contrato de codeshare estabelecido, a fim de analisar possíveis sobreposições e impactos na concorrência, que poderiam dificultar a fusão.
Descontrole da Abra e o fim das negociações
Na véspera, a Abra comunicou ao mercado que decidiu encerrar as discussões com a Azul, embora mantenha a crença no potencial de uma associação futura. A empresa explicou que, apesar do interesse inicial de unir forças, as partes não tiveram discussões relevantes ou avanços significativos nas últimas meses, especialmente devido ao foco da Azul em seu processo de Chapter 11.
Rescisão de parceria comercial e impacto no mercado
Além disso, a Gol solicitou a rescisão dos acordos de compartilhamento de voos, firmados em maio de 2024, que tinham como objetivo conectar as malhas aéreas das duas companhias. A Gol garantiu a continuidade do atendimento para os bilhetes comercializados nessa parceria, mesmo com a decisão de encerrar o acordo.
Perspectivas futuras para o setor aéreo
A união entre Gol e Azul, se concretizada, representaria uma fatia significativa do mercado de aviação no Brasil. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em agosto, a Latam tinha participação de 41,1% no mercado nacional, seguida por Gol, com 30,1%, e Azul, com 28,4%. A desistência da fusão pode alterar o equilíbrio competitivo no setor.
Especialistas avaliam que as ações refletem um momento de cautela e atenção às decisões regulatórias, que podem impactar futuras estratégias de consolidação no mercado de aviação.
Para mais detalhes sobre o avanço das ações e o cenário do setor, acesse o original do Globo.