Brasil, 26 de setembro de 2025
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Ações da Ambipar caem 24% após decisão judicial e crise financeira

Empresa de gerenciamento ambiental enfrenta risco de calote e busca recuperação judicial após crise provocada por dívidas e disputas legais

As ações da Ambipar despencaram 24,2% nesta quarta-feira, após a empresa obter na Justiça uma medida cautelar que a protege de execuções de dívidas por 30 dias, renováveis por igual período. A crise financeira foi intensificada por um empréstimo de US$ 35 milhões com o Deutsche Bank, contratado em 18 de setembro, que gerou cobranças de garantias e ameaças de antecipação de dívidas que podem chegar a R$ 10 bilhões.

Crise e impacto no mercado financeiro

Na abertura do pregão, os papéis da Ambipar chegaram a cair 49%, ativando mecanismo de leilão na B3, e fecharam com uma forte retração. Segundo dados da empresa, a proteção judicial foi solicitada com o objetivo de antecipar a entrada em recuperação judicial, semelhante ao que fizeram empresas como Americanas e Light. A decisão judicial também salvaguardou a companhia de uma dívida de US$ 119 milhões com o Santander, que venceria ontem.

Risco de default e desvalorização dos Bonds

O pedido de recuperação judicial reflete a gravidade da situação financeira da empresa, que atua em mais de 40 países e enfrenta uma crise relacionada às desvalorizações de green bonds emitidos. Segundo a Ambipar, os títulos, que vencem em 2033, tiveram uma desvalorização de 77% em dólares, em setembro, afetando o valor de suas garantias e agravando ainda mais a sua vulnerabilidade financeira.

Polêmica na negociação com o Deutsche Bank

A dívida com o banco alemão estaria vinculada a contratos de derivativos e garantias adicionais exigidas após a assinatura do empréstimo, elevando o valor considerado em dólar para US$ 550 milhões. Além disso, o banco passou a demandar garantias extras, incluindo considerações sobre possíveis desvalorizações dos green bonds, e até agora a Ambipar já desembolsou cerca de R$ 200 milhões para cumprir essas obrigações.

Possíveis desdobramentos e reestruturação

De acordo com fontes próximas, a companhia planeja solicitar formalmente a recuperação judicial nos próximos dias, adotando estratégias similares às utilizadas por outras empresas, como Americanas. Entre os passos, está a tentativa de anular o aditivo contratual com o Deutsche Bank e reestruturar uma dívida que hoje chega a aproximadamente R$ 15 bilhões.

Um dos principais entraves é o vencimento de um aporte garantido pelo banco, no valor de cerca de R$ 60 milhões, que venceria na quarta-feira, podendo levar ao vencimento antecipado de toda a dívida, caso não seja adimplido. A Ambipar manifesta preocupação de que instituições financeiras possam tomar valores de suas contas e investimentos sem necessidade de ação judicial, o que inviabilizaria suas operações.

Reação do mercado e opiniões

Especialistas avaliam que o movimento de proteção da Ambipar indica cautela e possível intenção futura de recorrer à recuperação judicial, como apontado por Tales Barros, líder de renda variável na W1 Capital. O UBS BB também destacou que a crise envolve preocupações com a rotatividade na gestão e o elevado nível de alavancagem.

Fundada em São Paulo, a Ambipar garante estar em condições de caixa e com uma rotina de pagamento de aproximadamente R$ 500 milhões anuais em tributos, além de gerar cerca de 23 mil empregos diretos. A companhia afirma que a ação judicial decorreu da recente desvalorização de seus green bonds, que chegou a perdas de até 79% em setembro.

Para entender a complexidade do momento e as possíveis consequências, leia a análise completa neste link.

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