A circuncisão de meninos nos Estados Unidos atingiu um marco importante. De acordo com um relatório recente da Johns Hopkins, menos da metade dos meninos nascidos no país agora são circuncidados, com a taxa registrada em 49,3%, a mais baixa desde o auge da prática, que ocorreu há cerca de 70 anos. Este movimento sinaliza uma mudança nas preferências, cada vez mais voltadas para manter o prepúcio intacto, e está impulsionando um aumento no número de homens adultos em busca de técnicas para restaurar o que foi removido na infância.
A evolução da circuncisão nos EUA
A circuncisão começou como um rito de sacrifício no Antigo Egito e foi adotada por comunidades judaicas e muçulmanas como um sinal de convenção cultural e religiosa. No entanto, a prática se popularizou nos Estados Unidos durante a era vitoriana, supostamente como uma medida preventiva contra infecções e doenças. A partir do início do século XX, estabeleceu-se como um procedimento rotineiro, com taxas de circuncisão de 80% a 90% entre meninos até os anos 1950 e 1960.
Durante décadas, hospitais realizavam essa cirurgia logo após o nascimento, geralmente sem que os pais discutissem a decisão. Com a obrigação de consentimento informado nos anos 80 e 90, muitos ainda optavam pela circuncisão sem reflexão adequada.
Consequências da circuncisão
Homens de várias gerações começaram a sentir os efeitos da circuncisão. Relatos de desconforto, diminuição da sensibilidade e dificuldades para atingir o orgasmo se tornaram comuns. Muitos sentem que a falta do prepúcio compromete a satisfação sexual de seus parceiros e gera um sentimento psicológico de incompletude. Assim, o movimento ‘intactivista’ cresceu, focando principalmente na ética e nos direitos humanos, questionando a capacidade de consentimento de bebês submetidos a esse procedimento.
O crescimento do movimento ‘intactivista’
Com a ascensão da internet, homens curiosos sobre seu corpo começaram a pesquisar em privado, contribuindo para a popularidade do movimento de restauração do prepúcio. Um dos métodos mais comuns é conhecido como “tugging”, que envolve esticar a pele remanescente para formá-la em uma cobertura semelhante ao prepúcio original.
Dispositivos de tração, que variam de simples cordões a equipamentos técnicos mais sofisticados, estão disponíveis online e podem custar entre 20 e 2.000 dólares. Muitos desses dispositivos podem ser usados durante o sono ou discretamente durante o dia, permitindo que os homens mantenham sua rotina habitual enquanto buscam a restauração.
Desafios e incertezas na restauração do prepúcio
O processo de restauração é demorado e exige um compromisso contínuo de horas diárias por vários anos. A maioria dos homens que tentam essas técnicas busca a “cobertura total”, tanto em estado flácido quanto ereto. Entretanto, a eficácia desses métodos é incerta, e alguns especialistas questionam a segurança e o impacto real dessa prática.
Entre os relatos pessoais, muitos homens expressam sentimentos de traição e desencanto com a circuncisão, alimentando a demanda crescente por alternativas ou reparações. Apesar de algumas clínicas experimentarem a reconstrução total do prepúcio, essas cirurgias são raras, geralmente caras e frequentemente não cobertas por seguros de saúde.
Testemunhos de homens em busca de restauração
Homens como Juan Vasquez, que gastou anos tentando recuperar a sensibilidade perdida, se uniram ao movimento e compartilharam experiências de luta emocional e psicológica relacionadas à circuncisão involuntária. Outros, como Chuck Torres, criaram dispositivos comerciais para ajudar outros homens a enfrentar as consequências da circuncisão, oferecendo suporte e diferentes soluções.
O ativista Ron Low se tornou uma figura proeminente no movimento, combinando arte e ativismo em suas apresentações, onde discute a importância do prepúcio e sua função, além de compartilhar suas experiências pessoais.
Com o crescente reconhecimento dos direitos dos homens e a mudança na aceitação cultural sobre a circuncisão, cada vez mais homens se sentem liberados para discutir suas preocupações e buscar soluções que promovam o bem-estar tanto físico quanto emocional, desafiando uma tradição que estava, até então, enraizada na sociedade americana.
A discussão em torno da circuncisão nos EUA continua, refletindo uma evolução nas convicções sociais e culturais sobre o que significa a masculinidade e os direitos individuais desde o nascimento.
Em um mundo que gradualmente se torna mais aberto a questionamentos sobre normas tradicionais, o futuro da circuncisão e da restauração do prepúcio é um campo fértil para debate e mudança.
Fontes sugerem que a compreensão e o respeito pelas preferências e direitos individuais podem moldar a próxima geração em torno deste tema delicado e pessoal.