A prévia da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA-15, registrou alta de 0,48% em setembro, mostrando uma leve desaceleração frente às estimativas dos economistas. O resultado, divulgado pelo IBGE, ocorre em um contexto de sinais distintos na economia nacional e internacional, influenciando as movimentações no mercado financeiro nesta quinta-feira (25).
Inflação supera expectativas, mas mantém trajetória de alta
O índice de preços acumula alta de 5,32% nos últimos 12 meses, enquanto as projeções sugeriam uma inflação de aproximadamente 0,51% para o mês. O principal fator de pressão foi o grupo Habitação, especialmente a energia elétrica, que subiu 12,17% devido ao fim do Bônus de Itaipu, após uma queda de 4,93% em agosto. Segundo Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, o resultado aponta para uma possível desaceleração na inflação, alimentando expectativas de redução da taxa Selic no próximo ano.
O Banco Central, por sua vez, reduziu sua previsão de crescimento do PIB para 2% em 2025, enfatizando um cenário de menor expansão econômica para o país. O relatório trimestral divulgado nesta manhã também projetou um crescimento de 1,5% para 2026, o mais baixo desde 2020, refletindo os efeitos da política de juros elevados adotada para conter pressões inflacionárias.
Dados econômicos globais reforçam a volatilidade
Estados Unidos apresentam crescimento acima do esperado
Nos EUA, a revisão do PIB do segundo trimestre revelou um crescimento de 3,8%, superando a estimativa inicial de 3,3%, impulsionada principalmente pelos investimentos em tecnologia e inteligência artificial. Além disso, o mercado considerou positivamente os dados de emprego, com pedido de auxílio-desemprego em queda para 218 mil, e sinais de desacordo de membros do Federal Reserve quanto à condução da política monetária.
O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, defendeu um corte de 0,25 ponto na taxa de juros para preservar o mercado de trabalho, enquanto Stephen Miran criticou o atual nível das taxas e sugeriu reduções mais agressivas, podendo chegar a até 2 pontos percentuais.
Repercussões no mercado financeiro
A resposta às informações da economia americana impactou o câmbio e a Bolsa brasileira. O dólar operava em alta de 0,45%, atingindo R$ 5,3507 às 12h05, reflexo do fortalecimento da moeda americana diante das expectativas de que o Federal Reserve manterá juros elevados por mais tempo. O acumulado da semana aponta uma alta de 0,12%, enquanto no mês, o recuo chega a 1,75%, e no ano, a desvalorização do real frente ao dólar soma 13,80%.
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuava 0,38%, aos 145.932 pontos, depois de acumular uma alta de 0,43% na semana e 3,58% no mês. A pressão negativa se agravou após o Banco Central reduzir a previsão de crescimento econômico e com o fortalecimento do dólar que desvaloriza as ações locais.
Expectativas para o cenário econômico
O Banco Central também divulgou hoje o relatório de política monetária, onde revisou para baixo a previsão de crescimento do PIB para 2025, de 2,1% para 2%, e para 2026, de 1,8% para 1,5%. Essas projeções indicam maior cautela do órgão diante dos desafios inflacionários e das taxas de juros elevadas, que permanecem em 13,75% ao ano.
Segundo o economista Lucas Barbosa, a combinação de fatores deve manter a volatilidade nos mercados. “A expectativa de desaceleração na inflação, aliada às incertezas externas, influencia diretamente na cotação do dólar e no desempenho do índice acionário,” afirma.
Movimentos internacionais e suas influências
Além das notícias domésticas, dados internacionais fortaleceram a valorização do dólar e pressionaram as bolsas na Europa e na Ásia. Nos EUA, o otimismo com o crescimento econômico gerou aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro e impacto nas ações de empresas de tecnologia na China, que tiveram alta devido à valorização desse setor.
Na Ásia, mercados como Xangai e Tóquio fecharam em alta após resultados positivos de empresas de tecnologia e inteligência artificial, enquanto Hong Kong e outros mercados globais apresentaram oscilações menores, refletindo o cenário de maior cautela dos investidores diante das incertezas externas.
Para o investidor, o momento exige atenção redobrada às movimentações do mercado, com foco nas decisões de política monetária e nos indicadores de inflação, que permanecem centrais na formação do preço do dólar e na trajetória da Bolsa brasileira.
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