Em uma emocionante entrevista aos meios de comunicação vaticanos, Maher Nicola Canawati, o novo prefeito da cidade palestina de Belém, compartilhou seu encontro com o Papa Leão XIV, ocorrido após a audiência geral no dia 24 de setembro. Com um apelo sincero pela paz e a preservação da presença cristã na Terra Santa, Canawati declarou: “Sem as pedras vivas, é simplesmente um museu”.
Um encontro marcante com o Papa
Após assumir o cargo em maio, Canawati expressou suas preocupações em carta ao Pontífice, acreditando que a liderança do Vaticano pode fazer uma diferença significativa na situação atual da Palestina. “A coisa mais importante é dar-lhes esperança”, afirmou. Durante seu encontro, ele ressaltou a necessidade de intervenção imediata para interromper a guerra e melhorar as condições de vida dos cristãos na região. “Antes de falar de Belém, eu sempre rezo”, contou, enfatizando a urgência da situação em Gaza e Belém. “O Papa concordou que essa era nossa prioridade.”
Desafios enfrentados por Belém
Canawati ofereceu um panorama alarmante da vida em Belém. A cidade, que já abrangia 37 km², agora lida com os impactos de assentamentos que aumentam a pressão sobre recursos limitados. “As pessoas estão saindo de Belém devido ao que está acontecendo”, afirmou o prefeito. Ele alertou que a população cristã na Terra Santa caiu para apenas 168 mil, em contraste com mais de 4 milhões de cristãos palestinos ao redor do mundo. Esses números demonstram a vulnerabilidade da comunidade que enfrenta um declínio acentuado.
O prefeito explicou que a legislação local exige que o prefeito de Belém seja cristão, uma tentativa de preservar a comunidade cristã mais antiga do mundo. No entanto, esse esforço é dificultado pela emigração. “É doloroso ver nossa comunidade partir; somente no último ano, mais de mil cristãos conseguiram autorização para emigrar para países como Canadá e Estados Unidos”, lamentou.
Impacto devastador na economia e no turismo
O impacto da guerra também se reflete na economia de Belém. O setor de turismo, vital para a cidade, sofreu um colapso desde o início dos conflitos em 7 de outubro de 2023. “Todos os 84 hotéis estão completamente fechados, e o desemprego disparou de 14% para 65%”, destacou o prefeito, enfatizando que muitos habitantes dependem de empregos fora da cidade, os quais agora são inacessíveis devido às barreiras impostas.
A crise da água e suas consequências
A escassez de água é outra preocupação crítica. Canawati informou que a água em Belém é racionada, com acesso limitado aos recursos hídricos. “Compramos água dos israelenses, mas eles nos vendem apenas um quinto do que uma pessoa deveria consumir por dia. Algumas áreas de Belém ficam sem água por 50 ou 60 dias”, disse. Esse racionamento é agravado por mais de 134 barreiras e checkpoints que restringem a liberdade de movimento, intensificando a crise humanitária.
Um apelo por solidariedade e esperança
Apesar das dificuldades, Canawati acredita que a solidariedade internacional traz esperança. Ele observou um aumento no apoio de países como a Itália, ressaltando que isso faz a diferença. “Acredito que isso dê mais esperança ao povo; saber que alguém cuida de nós, que não fomos esquecidos”, afirmou. Ele pediu apoio às organizações locais para ajudar a população a permanecer na região e não emigrarem, enfatizando que essa é a prioridade no momento.
A mensagem de Maher Nicola Canawati ecoa a necessidade urgente de paz, solidariedade e apoio à comunidade cristã em Belém, que luta para preservar sua identidade e vida em meio a desafios imensos.