O ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e diplomata Roberto Azevedo afirmou que a negociação entre Brasil e Estados Unidos será atípica e sem o formato tradicional de pedido e oferta. Azevedo destacou que o país precisará colocar na mesa o que pode oferecer, enquanto os EUA decidirão de forma unilateral, ressaltando possibilidades de oportunidades para o Brasil.
Uma negociação unilateral e novas perspectivas
Durante reunião da nova diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, Azevedo explicou que o cenário atual exige uma postura diferente das negociações convencionais. “Será uma negociação unilateral, e caberá ao Brasil apresentar o que tem a oferecer para incentivar a aceitação dos EUA”, afirmou. Segundo ele, o mundo mudou e estamos em um ‘novo normal’, com mudanças estruturais no multilateralismo, marcado por polarizações e ciclos políticos mais curtos.
Desafios do multilateralismo e impacto na economia brasileira
O diplomata destacou que a relação internacional agora se pautará pela conveniência, com o nacionalismo ganhando força até que o multilateralismo seja reconstruído. Ele observou ainda que o impacto das tarifas de Donald Trump evidenciou a pouca presença de setores brasileiros nos EUA, o que deve ampliar as crises comerciais no futuro. “Nosso setor privado precisa atuar de forma mais incisiva, com uma diplomacia empresarial mais atuante”, observou.
Oportunidades e obstáculos no diálogo com os EUA
Azevedo citou a aparente sinalização de Trump para uma abertura ao diálogo com o Brasil como um fato novo, porém ressaltou que há variações de visão entre os diferentes departamentos do governo americano. Antes de avançar, é necessário resolver a questão política interna dos Estados Unidos, o que, na avaliação dele, é o principal obstáculo para um acordo.
Perspectivas futuras e o papel do setor privado
O diplomata afirmou que, mesmo com as dificuldades atuais, há oportunidades para negociações de alto nível. “Enquanto não for resolvido o problema político, nada acontecerá”, ressaltou. Além disso, refletiu sobre a necessidade de o Brasil fortalecer sua estrutura e canais de atuação para enfrentar crises comerciais futuras, incentivando uma maior participação do setor privado na diplomacia.
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