O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia oficial da inflação no Brasil, teve alta de 0,48% em setembro de 2025, revelou o IBGE nesta quinta-feira (25). O aumento foi maior que o registrado em agosto, quando o índice caiu 0,14%, marcando a primeira deflação em mais de um ano.
principais fatores impulsionaram a inflação em setembro
Segundo o IBGE, a principal influência para a alta de preços foi o grupo Habitação, que subiu 3,31%, impulsionado especialmente pelo aumento na tarifa de energia elétrica residencial. Após uma queda de 4,93% em agosto, a tarifa de energia elétrica aumentou 12,17% em setembro devido ao término do Bônus de Itaipu, creditado nas contas do mês anterior.
Com o resultado da primeira quinzena de setembro, o IPCA-15 acumula alta de 5,32% nos últimos 12 meses, enquanto o acumulado do ano chegou a 3,76%. Apesar do aumento, o índice de setembro ficou abaixo das projeções do mercado, que estimavam alta entre 0,51% e 0,52%.
Variação dos grupos de preços em setembro
Além de Habitação, outros quatro grupos foram pressionados por alta nos preços: Vestuário (0,97%), Saúde e cuidados pessoais (0,36%), Despesas pessoais (0,20%) e Educação (0,03%). Por outro lado, alimentação e bebidas tiveram recuo de 0,35%, marcando a quarta queda consecutiva.
Veja a seguir a variação por grupo em setembro:
- Alimentação e bebidas: -0,35%
- Habitação: 3,31%
- Artigos de residência: -0,16%
- Vestuário: 0,97%
- Transportes: -0,25%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,36%
- Despesas pessoais: 0,20%
- Educação: 0,03%
- Comunicação: -0,08%
Impactos principais na inflação de setembro
A energia elétrica residencial permaneceu como destaque na alta dos preços, com um aumento de 12,7%, contribuindo com 0,47 ponto percentual para o índice geral. O fim do Bônus de Itaipu, além da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que eleva a tarifa em R$ 7,87 por 100 kWh consumidos, foram fatores decisivos.
No grupo Vestuário, os principais avanços estiveram nas roupas femininas (1,19%) e nos calçados e acessórios (1,02%). Já em Saúde, o destaque foi para o aumento nos planos de saúde, que subiram 0,50%.
Em relação à alimentação, o recuo de 0,35% foi influenciado pela redução nos preços de produtos básicos, como tomate (-17,49%), cebola (-8,65%) e arroz (-2,91%). Por outro lado, frutas tiveram alta de 1,03%, suavizando o recuo geral.
O grupo Transportes também contribuiu com o recuo de 0,25%, puxado pelos preços do seguro voluntário de veículos (-5,95%) e passagens aéreas (-2,61%). Os combustíveis tiveram variações distintas, com gás veicular (-1,55%) e gasolina (-0,13%) em baixa, enquanto óleo diesel e etanol apresentaram altas.
Perspectivas econômicas e juros
Para Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, o resultado de setembro é positivo, indicando uma melhora na composição da inflação, mesmo com o acumulado de 12 meses ainda elevado em 5,32%. Ele acredita que a tendência será de desaceleração, apesar do índice de setembro ter ficado abaixo das projeções do mercado, que apontavam alta entre 0,51% e 0,52%.
Segundo o boletim Focus, os especialistas mantiveram a previsão de inflação para 2025 em 4,83%. O economista também destacou a postura cautelosa do Banco Central, que sinaliza possíveis cortes de juros a partir de janeiro de 2026, inicialmente de 0,5 ponto percentual, levando a taxa Selic de 15% para 14,5%.
A economista do C6 Bank, Claudia Moreno, avalia que há espaço para redução dos juros no primeiro trimestre de 2026, com previsão de que a taxa encerre o ano em torno de 13%.