Um grupo de 18 ex-diretores do Federal Reserve (Fed), ex-secretários do Tesouro e altos funcionários econômicos dos Estados Unidos pediu nesta quinta-feira (25) que a Suprema Corte rejeite a petição de Donald Trump para afastar Lisa Cook, diretora do Fed, em uma tentativa inédita na história da instituição. A ação busca impedir que Trump atue na substituição enquanto a legalidade do processo está em análise na Justiça.
Alto grupo de signatários reforça a importância da independência do Fed
Os ex-autoridades, incluindo os últimos três presidentes do Fed — Janet Yellen, Ben Bernanke e Alan Greenspan — além de ex-secretários do Tesouro como Henry Paulson, Lawrence Summers, Jacob Lew, Timothy Geithner e Robert Rubin, enviaram um documento à Suprema Corte dos EUA. Eles afirmam que a tentativa de Trump de destituir Lisa Cook prejudicaria a credibilidade e a autonomia do banco central, além de colocar em risco a estabilidade econômica e a confiança pública na instituição.
Rejeição de recurso e impacto na legalidade
No dia 15 de setembro, o Tribunal de Apelações dos EUA para o Distrito de Columbia já havia negado um pedido do governo Trump para suspender a ordem de Cobb, juíza responsável pelo caso. Na quinta-feira, a administração de Trump recorreu à Suprema Corte, buscando autorização para destituir Cook imediatamente. Em sua manifestação, os ex-autoridades destacaram que a independência do Fed foi prevista pelo Congresso para evitar pressões políticas e decisões influenciadas por interesses partidários.
Decisão judicial e acusações contra Lisa Cook
A juíza Cobb já havia considerado que Trump provavelmente não tinha base legal suficiente para afastar Lisa Cook, que enfrenta acusações relacionadas a fraudes hipotecárias na Geórgia e Michigan — acusações que ela nega. O artigo 13 da lei que criou o Fed estabelece que seus diretores, nomeados pelo presidente e aprovados pelo Senado, só podem ser destituídos por “justa causa”.
Posição dos ex-autoridades
Nos documentos enviados à Suprema Corte, os ex-diretores e ex-secretários argumentaram que a tentativa de Trump cria um perigoso precedente para a autonomia do banco central e pode gerar consequências econômicas graves, como inflação elevada e instabilidade no mercado. Eles ressaltam que, mesmo sem tratar das acusações específicas contra Cook, o clima de interferência política compromete a credibilidade do Fed e a política econômica dos Estados Unidos.
Perspectivas para o futuro da autonomia do Fed
A disputa jurídica envolvendo Lisa Cook e o governo Trump ganhou repercussão internacional, ao colocar em xeque o equilíbrio entre a autoridade política e a independência técnica do banco central americano. Especialistas alertam que desacordos dessa natureza podem enfraquecer a confiança na condução da política monetária e afetar as percepções do mercado sobre a estabilidade dos EUA.
O desfecho do caso, que ainda aguarda decisão final da Suprema Corte, deve impactar o debate sobre a autonomia de instituições financeiras e o peso do Congresso na nomeação e manutenção de seus dirigentes. Os próximos meses serão decisivos para definir os limites da intervenção presidencial nessa área, reafirmando a importância de proteger a independência do Federal Reserve.