O dólar comercial fechou em alta de 0,69% nesta quinta-feira, cotado a R$ 5,3634, impulsionado pelas incertezas sobre a trajetória de juros do Federal Reserve e sinais de fragilidade na economia brasileira. O movimento ocorreu em um cenário de leitura mista dos investidores diante de dados econômicos dos Estados Unidos e indicadores domésticos que sugerem desaceleração.
Dados dos EUA reforçam cautela e impactam o mercado de câmbio
Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) surpreendeu ao crescer 3,8%, acompanhado por pedidos semanais de seguro-desemprego bem abaixo do esperado. Além disso, as vendas de moradias novas alcançaram 800 mil unidades nos últimos 12 meses, o maior volume desde janeiro de 2022.
Resiliência econômica e dúvidas sobre o Fed
Para André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica, parte desses dados indicam que a economia americana ainda demonstra resiliência, o que mantém dúvidas sobre os próximos passos do Federal Reserve. A autoridade monetária ainda tem duas reuniões neste ano, e não está claro se haverá dois novos cortes de juros, como o mercado projeta. A postura cautelosa de Jerome Powell, aliada à força dos números recentes, sustenta a alta dos rendimentos dos Treasuries e reforça a aversão ao risco
, afirmou Galhardo.
Perspectivas do mercado americano
Segundo André Valério, economista do Inter, os dados positivos da balança comercial e dos pedidos de seguro-desemprego sugerem que a economia dos EUA pode estar mais forte do que indicam os números de emprego. Ainda assim, a expectativa é de que o Fed não realize cortes agressivos e deixe para reduzir os juros somente na reunião de dezembro, devido à ausência de sinais claros de desaceleração
.
Impactos na economia brasileira e o cenário doméstico
No Brasil, o IPCA-15 de setembro ficou abaixo do esperado, em 0,48%, ante a mediana de 0,51%, sinalizando alguma desaceleração da inflação. Apesar disso, sinais de fragilidade na economia doméstica continuam evidentes, como a queda real na arrecadação de agosto, divulgada pela Receita Federal.
Cenário de desaceleração e suas implicações
Para Galhardo, essa desaceleração ajuda a conter a inflação, mas aumenta as dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais para 2026. Se a desaceleração for mais profunda ou prolongada, isso pode reduzir riscos inflacionários, mas dificultar o equilíbrio das contas públicas e resultar em cortes adicionais de gastos padrão ou no descumprimento da meta fiscal
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Desafios fiscais no horizonte
Especialistas alertam que esse perfil de desaceleração evidencia um problema estrutural das contas públicas brasileiras, podendo levar a cortes adicionais em gastos discricionários ou ao descumprimento das metas fiscais no próximo ano, embora não signifique descontrole fiscal.
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