A Assembleia Geral da ONU deste ano, realizada na última terça-feira (23), foi palco de um discurso que ressoou fortemente nas redes sociais brasileiras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu uma repercussão superior à do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que também discursou na noite. Essa informação é baseada em um estudo recente do Instituto Democracia em Xeque, publicado na última quinta-feira. O levantamento revela que, mesmo com uma forte mobilização de termos relacionados a Trump, a “prevalência narrativa” foi dominada pelo discurso de Lula.
A liderança nas menções online
Durante a semana que antecedeu a Assembleia da ONU, Lima sobresaiu em 84% das menções relacionadas aos presidentes. A intensidade se intensificou no dia do discurso, quando a repercussão de Lula superou a de Trump. Às 11h, Lula registrou mais de 52 mil menções por hora, enquanto Trump ficou com 34 mil. O pico da discussão ocorreu ao meio-dia, com Lula alcançando 78 mil posts contra 70 mil de Trump. “A partir desse pico, embora ambos tenham visto uma perda gradual de menções, Lula continuou a liderar em quase todos os horários, demonstrando sua habilidade em atrair e sustentar a atenção pública”, afirmou a pesquisa.
A polarização nas redes sociais
A predominância da esquerda nas discussões online está atrelada a acontecimentos recentes, incluindo a proposta da PEC da Blindagem e a urgência da tramitação da anistia na Câmara, onde o campo progressista superou a direita, tradicionalmente mais forte nas redes. Durante a semana da Assembleia da ONU, Lula foi o centro da mobilização digital, com hashtags dominando a narrativa, como #LulaAmorPeloBrasil e #SemAnistia. As menções à figura do presidente enfatizavam temas como soberania e justiça social, conectando a agenda política do Brasil com sua projeção internacional.
Respostas e reações ao discurso de Lula
O estudo apontou que, mesmo contando com ataques provenientes da direita, como #LulaArregou, esses termos apareceram de forma dispersa e com menor alcance. A narrativa progressista, ao contrário, conseguiu consolidar Lula como um estadista, tecendo uma conexão entre sua imagem global e as disputas políticas internas. Os conservadores, por sua vez, tentaram retratar o evento como uma potencial humilhação para o Brasil, elevando a figura de Trump e insinuando que Lula cederia em questões de importância nacional.
Comparações entre os discursos
As menções ao discurso de Lula que referenciaram o conflito entre Palestina e Israel e suas declarações sobre questões ambientais contribuíram para sua popularidade nas redes. Comparações entre o discurso do presidente brasileiro e o de Jair Bolsonaro na Assembleia da ONU destacaram a postura de Lula como mais forte e relevante, contrastando com a imagem considerada frágil de seu antecessor. Ana Julia Bernardi, diretora do Instituto Democracia em Xeque, sublinhou que enquanto a esquerda projetou Lula como um líder forte no cenário internacional, a direita ficou presa em bolhas de teorias conspiratórias.
O caminho da narrativa política
O fortalecimento da narrativa de Lula, quanto à soberania e liderança, ganhou amplo alcance, ao se alinhavar com a cobertura da mídia tradicional. A direita, por outro lado, endereçou ataques reativos e teorias conspiratórias, mas sem conquistar o mesmo espaço no debate público. As mensagens da direita, como ironias sobre um suposto “arrego”, ficaram restritas às dinâmicas das plataformas digitais e não romperam as barreiras para um debate mais amplo.
Em síntese, o discurso de Lula na Assembleia da ONU não só mobilizou atenção nas redes sociais como também evidenciou uma mudança nas dinâmicas políticas digitais no Brasil. Mesmo em um ambiente controverso e polarizado, a capacidade de Lula de conectar sua imagem à esfera internacional trouxe à tona questões centrais sobre a política brasileira que, ao que tudo indica, ainda renderão muitos debates.
