O número de pessoas empregadas em aplicativos de transporte e entrega no Brasil aumentou drasticamente nos últimos dez anos, passando de cerca de 770 mil para 2,1 milhões, uma alta de 170%. O Banco Central analisou esse fenômeno na previsão do Relatório de Política Monetária do terceiro trimestre de 2025, ressaltando seu impacto no mercado de trabalho e indicadores econômicos.
Impacto dos aplicativos na força de trabalho brasileira
Segundo o Banco Central, sem a presença de plataformas digitais, a taxa de desemprego no Brasil poderia chegar a até 5,5%, um aumento de até 1,2 ponto percentual em relação aos 4,3% atuais. A análise delineia três cenários: na primeira, trabalhadores atuais tentariam novo emprego e, sem sucesso, passariam a ser desempregados; na segunda, não buscaríam ocupação e sairiam da força de trabalho; na terceira, parte encontraria outras ocupações enquanto outros permaneceriam fora do mercado.
Modelos de crescimento e relação com o mercado
Apesar do crescimento expressivo na quantidade de trabalhadores por aplicativos, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) revelam que essa participação ainda representa uma parcela pequena da população ocupada, de 0,8% para 2,1% entre 2015 e 2025. Ainda assim, esse setor passou a fazer parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicando sua relevância econômica.
Contribuições positivas e desafios do trabalho por plataformas
O Banco Central destaca que o crescimento das plataformas digitais elevou a participação na força de trabalho e reduziu a taxa de desemprego, configurando uma mudança estrutural no mercado. No entanto, também há preocupações quanto à precarização do trabalho. Relatórios apontam jornadas laborais mais longas, queda na contribuição previdenciária e diminuição na renda média dos trabalhadores de aplicativos.
Precarização do trabalho e condições de trabalho
Dados do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que, entre 2012 e 2015, motoristas autônomos recebiam cerca de R$ 3,1 mil médios. Em 2022, com quase o dobro de trabalhadores na função, a renda caiu para menos de R$ 2,4 mil, além de uma maior proporção de jornadas entre 49 e 60 horas semanais. A contribuição previdenciária também caiu de 47,8% para 24,8% no mesmo período.
Influência na economia brasileira
Embora sua participação na população ocupada seja de pouco mais de 2%, o transporte por aplicativos já faz parte do cenário econômico, com peso de 0,3% no IPCA, contribuindo para a inflação e as despesas dos consumidores. A expansão do setor, segundo o BC, reflete uma transformação estrutural, que traz benefícios sociais e econômicos, mas também desafios relacionados à qualidade do trabalho.
Para acompanhar mais detalhes sobre a evolução do mercado de trabalho por aplicativos, acesse o relatório do Banco Central.