Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, esteve no centro das atenções depois de ser acusado de envolvimento em um elaboradíssimo esquema de fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O escândalo, que desvio milhões de aposentados e pensionistas, foi inicialmente revelado pelo portal Metrópoles. Desde sua prisão em 12 de setembro, Antunes se apresenta como vítima de calúnias durante seu depoimento nesta quinta-feira (25) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.
Depoimento e reações no escândalo do INSS
O lobista compareceu à CPMI de forma espontânea, após uma convocação anterior, em 15 de setembro, que ele conseguiu suspender no Supremo Tribunal Federal (STF). A sessão começou conturbada, com uma interrupção provocada pelo deputado federal Zé Trovão (PL-SC), que se levantou para confrontar o advogado de Antunes. Após a confusão inicial, Antunes pôde fazer sua defesa e reiterou seu descargo de responsabilidade em relação aos crimes que lhe são imputados.
Em seu discurso, Antunes declarou: “Sempre acreditei que a verdade, sustentada em fatos e documentos, seria o suficiente para afastar a mentira, a inveja e a calúnia que vem sendo disseminadas desde o início dessa investigação.” No entanto, ao ser questionado pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), ele se manteve em silêncio. Após a suspensão da sessão, ele começou a responder algumas perguntas,mas continuou a negar quaisquer envolvimentos ilícitos.
Justificativas e bens de luxo
Durante a sessão, quando questionado acerca de seu patrimônio e de ter mais de 20 empresas registradas em seu nome, Antunes se defendeu, alegando ser “um empresário próspero”. Ele afirmou: “Não existe essa rede de relacionamento minha com parlamentares, qualquer que seja. Eu não tenho interesse, eu não trabalho com o governo, em qualquer uma de suas esferas.” Segundo ele, seu único vínculo com o Congresso foi em uma visita ao senador Weverton (PDT-MA) para discutir produtos à base de cannabis.
O escândalo do INSS e a atuação do Metrópoles
O esquema de fraudes do INSS veio à tona graças a uma série de reportagens investigativas do Metrópoles, que começou em dezembro de 2023. A série revelou que a arrecadação das entidades envolvidas com o descontos de mensalidades de aposentados havia alcançado R$ 2 bilhões em apenas um ano, enquanto muitas associações enfrentavam processos por fraudes em filiações de segurados. Essas investigações motivaram a Polícia Federal (PF) a abrir um inquérito que culminou na Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril, resultando na demissão de altos executivos do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
As reportagens detalharam, com evidências, como Antunes e suas afiliadas se beneficiaram de incentivos financeiros ilícitos. A PF denunciou que Antunes ganhava 27,5% sobre os descontos dos novos filiados e tinha influência significativa sobre a manutenção dos acordos de cooperação técnica com o INSS. Ele é suspecto de ter corrompido ex-diretores e um ex-procurador-geral, o que levanta ainda mais questões sobre a complexidade do caso.
Investigação da polícia e movimentações financeiras
A complexidade do esquema fez com que a PF concentrasse suas investigações em Antunes, que é considerado o principal operador, mantendo procurações de pelo menos oito entidades. Até o momento, foram descobertos R$ 30 milhões em movimentações que pertencem a associações ligadas ao esquema. As entidades faturaram significativamente com os descontos, e a movimentação financeira indica possíveis casos de lavagem de dinheiro tanto nacionalmente quanto internacionalmente.
Dentre as associações investigadas, destacam-se a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap) e a União Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unabrasil), que, juntas, arrecadaram cerca de R$ 852 milhões em descontos sobre aposentadorias.
Em conclusão, a CPMI do INSS continua a investigação e o trabalho da mídia, como o realizado pelo Metrópoles, tem se mostrado crucial na revelação das fraudes e na busca por justiça para aposentados prejudicados por essas ações fraudulentas.
A situação do “Careca do INSS” e outras questões relacionadas a este escândalo ainda precisa ser abordada e monitorada pela sociedade e pelas autoridades competentes.