O presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Bispo Georg Bätzing, defendeu nesta semana as diretrizes controvertidas sobre bênçãos a casais do mesmo sexo, afirmando que não há conflito com os ensinamentos do Vaticano, mesmo após críticas do Papa Leo XIV. Bätzing afirmou ainda que a criação das orientações, intituladas “Bênçãos que fortalecem o amor”, foi realizada em consulta com a Secretaria da Doutrina da Fé do Vaticano.
Contexto das orientações e tensão na Igreja alemã
As orientações alemãs geraram debates internos e tiveram a adesão de cinco dioceses que resistiram à sua implementação, alegando incompatibilidade com o magistério da Igreja. O documento, baseado na publicação Fiducia Supplicans emitida pelo Conselho da Doutrina da Fé do Vaticano em dezembro de 2023, permite que padres realizem bênçãos “espontâneas” a casais homossexuais e outros em situações irregulares, desde que sejam breves e simples, sem semelhança com cerimônias litúrgicas.
Reação do Vaticano e posições da Alemanha
O Papa Leo XIV criticou publicamente essa prática em uma recente entrevista ao crux, alertando contra eventos nesse formato na Europa do Norte, que contrariariam as orientações do documento papal. Apesar disso, Bätzing afirmou que as diretrizes alemãs foram elaboradas “em consulta com a Secretaria da Doutrina da Fé”, e que o questionamento do Papa se refere a “publicação de formulários litúrgicos de bênçãos formais, o que os bispos alemães não fizeram”.
Segundo porta-voz do episcopado alemão, a consulta com Roma ocorreu de modo interno e não há detalhes que possam ser divulgados publicamente. O documento “Bênçãos que fortalecem o amor” é considerado uma concretização pastoral do Fiducia Supplicans, adaptada à realidade alemã, na tentativa de oferecer orientações de apoio às famílias atendidas pelas comunidades.
Implicações e reflexões teológicas
O contexto teológico envolve a reafirmação do papel da Igreja como “sacramento e instrumento da salvação”, conforme o Concílio Vaticano II, buscando uma abordagem mais inclusiva e dialogal. Bätzing destacou a importância de repensar a identidade e missão da Igreja, citando a Nostra Aetate como exemplo de desenvolvimento progressivo do ensinamento católico.
Por outro lado, o aumento do número de fiéis que considera abandonar a Igreja pela queda da confiança (apenas 22% atualmente) e por motivos de crise institucional também é pauta na Alemanha. Bispo Udo Bentz de Paderborn alertou para os riscos de se focar somente na crise interna, defendendo uma “cultura sinodal” que promova diálogo, sem perder de vista as questões pastorais essenciais.
As tensões refletem a difícil busca da Igreja na Alemanha por equilibrar a fidelidade à doutrina e as necessidades pastorais de uma sociedade cada vez mais secularizada. A controvérsia evidencia os desafios atuais enfrentados por bispos e fiéis na interpretação e implementação de orientações oficiais.
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