A triste realidade da violência no Haiti ganha novos contornos a cada dia, e os recentes assassinatos em Porto Príncipe mostram como a “crise multidimensional” do país, conforme descrita pela ONU, agrava ainda mais a situação das crianças. Nos últimos dez dias, pelo menos uma criança foi assassinada a cada 24 horas devido a ações violentas das gangues criminosas que dominam o território haitiano.
Violência sem precedentes em Porto Príncipe
No último sábado, um ataque com drones durante uma festa de aniversário em Porto Príncipe resultou na morte de oito crianças, além de quatro integrantes de uma gangue e três civis adultos, deixando sete pessoas feridas. O ataque, atribuído à polícia local, visava Albert Stevenson, um líder de gangue que distribuía presentes às crianças. Esse incidente revela a intensidade e a violência do conflito entre grupos armados que controla amplas áreas da capital haitiana.
A situação em Porto Príncipe é tão crítica que a ONU afirma que 90% de seu território está sob controle de gangues. Essa realidade perigosa cria um cenário em que as crianças se tornam alvos fáceis em meio a um ambiente de violência incessante. Geeta Narayan, representante do Unicef no Haiti, destacou a urgência em proteger os menores, que permanecem “presos em ciclos incessantes de violência”. Apenas algumas semanas antes, em um ataque semelhante em 11 de setembro, quatro crianças foram mortas em seus lares.
O alerta da Unicef e os números alarmantes
A Unicef expressou grande preocupação com os pequenos que enfrentam essa escalada de violência. O órgão da ONU informou que, de janeiro a maio de 2025, mais de 4.000 pessoas perderam a vida devido a conflitos armados, e que o número de crianças afetadas continua a crescer. Desde o início do ano, o Unicef registrou dez assassinatos de crianças em apenas dez dias, evidenciando a gravidade da situação.
Deslocamento forçado e vulnerabilidade infantil
Além dos trágicos assassinatos, a violência desencadeou um grave problema de deslocamento forçado. De acordo com a ONG “Global Initiative”, cerca de 1,3 milhão de pessoas foram deslocadas, sendo que metade delas são crianças. Os dados mais recentes também revelam que 700 mil crianças permanecem sem casa, com acesso limitado a serviços essenciais como eletricidade, água potável e saneamento básico. Estima-se que 243 mil crianças não conseguem frequentar a escola, uma vez que 1.600 instituições de ensino foram fechadas nos primeiros seis meses deste ano.
Em um cenário alarmante, a ONU relatou que cerca de meio milhão de crianças vive em áreas sob controle de gangues, que têm recrutado até 30% desses menores. Essa realidade coloca em risco não apenas a vida das crianças, mas também seu futuro, uma vez que a educação e o desenvolvimento saudável são frequentemente comprometidos em meio ao caos e à instabilidade.
A resposta e a necessidade de ação global
Diante de um panorama tão sombriamente alarmante, a comunidade internacional precisa agir. A mensagem de Geeta Narayan ressoa como um apelo à ação: é crucial garantir a proteção das crianças e respeitar seus direitos fundamentais. O Unicef continua a exigir medidas urgentes para restaurar a segurança e a estabilidade em um país que já enfrenta os desafios de uma crise humanitária aguda.
Somente através de um esforço coletivo que inclua intervenções humanitárias e políticas eficazes será possível criar um ambiente seguro para as crianças do Haiti. A proteção da infância deve ser uma prioridade mundial, ou o ciclo de violência e sofrimento continuará a se perpetuar, causando gerações inteiras a crescerem em meio ao medo e à insegurança.
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