O Mercado Livre anunciou nesta quarta-feira (24) uma redução significativa no valor mínimo para frete grátis, passando de R$ 79 para R$ 19, o que resultou em um aumento de 34% no volume de vendas em julho em relação ao mês anterior. A estratégia acompanha o lançamento de uma nova geração de robôs de separação, capazes de acelerar as operações logísticas e melhorar a eficiência nas entregas.
Frete acessível e crescimento sustentável
O vice-presidente sênior da plataforma, Fernando Yunes, destacou que a aposta em frete mais barato, mesmo pressionando a rentabilidade a curto prazo, busca expandir a base de clientes e garantir crescimento sustentável a longo prazo. Segundo ele, a plataforma teve um crescimento expressivo no número de usuários e novos consumidores, embora não tenham divulgado números específicos.
“Ao oferecer frete grátis para pedidos de menor valor e prazos maiores, conseguimos otimizar nossa malha logística e usar melhor nossos espaços nos centros de distribuição”, explicou Yunes. Essa estratégia, segundo o executivo, também permite maior aproveitamento das rotas de transporte e redução de custos operacionais.
Inovação com robôs e otimização de operações
A chegada de 125 robôs de separação no Brasil representa uma revolução no gerenciamento de estoques. Esses equipamentos, capazes de manusear até 105 mil itens por dia, reduzem em 25% o ciclo de processamento de pedidos com múltiplos itens. Luíz Vergueiro, diretor sênior de logística, afirma que essa automação eleva o padrão do mercado e melhora o prazo de entrega.
“A redução no ciclo de preparo das encomendas permite que entregas sejam feitas com maior agilidade, além de diminuir o esforço físico dos operadores”, afirmou Vergueiro. Hoje, o Mercado Livre conta com quase 500 robôs no país, incluindo modelos que transportam as próprias estantes, economizando deslocamentos internos.
Automação e impacto na força de trabalho
Apesar do avanço tecnológico, Yunes garantiu que a automação visa otimizar o trabalho humano, e não substituí-lo. A plataforma planeja contratar mais de 12 mil novos funcionários neste ano, focando na expansão da logística. Segundo ele, a automação melhora as condições de trabalho, livrando os funcionários de tarefas repetitivas e exaustivas.
“Com mais robôs ajudando a trazer as prateleiras até os clientes internos, os colaboradores podem atuar em funções de maior valor agregado”, explicou Yunes.
Crescimento e impacto na economia brasileira
O avanço na logística se reflete na forte expansão do Mercado Livre no Brasil, seu maior mercado na América Latina. Em 2024, 5,8 milhões de empreendedores e micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) participaram do ecossistema, movimentando R$ 381 bilhões — o equivalente a cerca de 3,2% do PIB nacional.
A plataforma reforça ainda sua infraestrutura de entrega, com aumento de 47% na metragem de suas instalações em 2025. Atualmente, 56% das entregas são realizadas em até 24 horas nas capitais, chegando a 73% no estado de São Paulo, especialmente para a Black Friday 2025.
Combate a produtos irregulares e uso de IA
Após a resolução da Anatel que responsabiliza marketplaces pela venda de produtos não homologados, o Mercado Livre reforçou sua postura de fiscalização, exigindo que os vendedores insiram o código de homologação ao anunciar eletrônicos. Além disso, a plataforma utiliza inteligência artificial para monitorar e eliminar anúncios ilegais.
No ano passado, mais de 10 milhões de anúncios foram removidos automaticamente por esses algoritmos, que também contam com a colaboração de marcas parceiras na identificação de produtos irregulares. Diminuir a circulação de itens não autorizados é prioridade para garantir a segurança do consumidor e manter a integridade do marketplace.
Perspectivas futuras
Com o crescimento contínuo, o Mercado Livre projeta que as melhorias logísticas e a automação renderão entregas mais rápidas, impulsionando ainda mais sua presença no Brasil e fortalecendo o ecossistema de empreendedores. A expectativa é de que as estratégias adotadas continuem promovendo eficiência e crescimento sustentável no mercado brasileiro de comércio eletrônico.
Fonte: O Globo