Brasil, 24 de setembro de 2025
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Impactos da restrição de celulares nas escolas brasileiras

A restrição no uso de celulares em sala de aula melhora o foco dos alunos, mas gera novas preocupações com ansiedade e tédio.

A restrição ao uso de celulares em sala de aula no Brasil trouxe um panorama misto, involvendo melhorias significativas no comportamento e aprendizado dos estudantes, mas também criando novos desafios. Uma pesquisa realizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação em parceria com a Equidade.info, divulgada nesta terça-feira (23/9), indica que a medida gerou resultados positivos: oito em cada dez alunos afirmam prestar mais atenção nas aulas.

Resultados positivos e preocupações com a saúde mental

O estudo, que investigou como os alunos têm se adaptado à restrição do uso de celulares nas escolas, ouviu um total de 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores de diferentes regiões do Brasil entre maio e julho de 2025. A sensação é de que a nova medida trouxe melhorias no foco e nas interações sociais. Em um panorama geral, 83% dos alunos afirmam estar mais atentos nas aulas, sendo essa percepção ainda mais elevada nos anos iniciais do Ensino Fundamental I — com 88% de adesão — em comparação ao Ensino Médio, onde a taxa de atenção é de 70%.

No entanto, os efeitos colaterais da proibição começaram a aparecer: quatro em cada dez alunos relataram sentir mais tédio e inquietude durante os intervalos e recreios. Além disso, 49% dos educadores observaram um aumento nos níveis de ansiedade entre os alunos devido à restrição. Com a proibição, muitos estudantes sentem dificuldades em comunicar-se com os familiares durante o período escolar e enfrentam episódios de ansiedade pela falta do dispositivo que se tornou uma espécie de “dependência”.

Desafios comportamentais e a busca por alternativas

A pesquisa revelou que os desafios comportamentais são notáveis, especialmente entre adolescentes do Ensino Médio e os alunos que frequentam escolas em período integral. Esses estudantes costumam ser os que mais burlam as regras e utilizam os celulares de forma clandestina, ignorando as normas estabelecidas.

Claudia Costin, presidente do Equidade.info, compartilhou sua análise: “Observamos avanços claros no foco e na atenção dos alunos neste novo levantamento, especialmente nos anos iniciais. Contudo, identificamos que os desafios aumentam no Ensino Médio, onde a ansiedade e o tédio sem o celular se tornam mais evidentes. Portanto, a restrição tem impacto positivo, mas não é suficiente sozinha: as escolas precisam desenvolver alternativas de interação e estratégias específicas para cada faixa etária”.

Diferenças entre redes de ensino

A pesquisa também notou a necessidade de estratégias diferenciadas de acordo com a rede de ensino. Alunos de escolas municipais parecem demonstrar maior conformidade com as normas de restrição e apresentam melhor adaptação às regras, enquanto os estudantes de instituições privadas mostram resistência e muitas vezes recorrem ao uso escondido dos aparelhos.

A recente aprovação da Lei nº 15.100/2025, que proíbe o uso de celulares em escolas, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro deste ano, é reflexo do movimento em busca de um ambiente escolar mais focado e menos distraído. No entanto, é importante que as instituições de ensino considerem as necessidades emocionais e sociais dos alunos durante esta transição.

Conclusão

Em suma, a restrição do uso de celulares nas escolas brasileiras evidencia um impacto positivo em relação ao foco e à atenção dos alunos. Contudo, os novos desafios, como a ansiedade e a sensação de tédio, precisam ser abordados com urgência pelas instituições educacionais. Portanto, a combinação de disciplina e inovação se torna essencial para garantir que os alunos não apenas aprendam mais, mas também se sintam confortáveis e sociáveis em um novo cenário escolar.

O equilíbrio entre manter a disciplina e proporcionar um ambiente que compreenda as novas gerações parece ser o desafio que precisará ser enfrentado nos próximos anos. Cabe às escolas desenvolver um espaço seguro e restritivo sem deixar de lado a evolução social e emocional dos alunos.

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